terça-feira, 1 de setembro de 2015

Um homem do norte


Paulinho, de pera rangel num maxilar mais esguio, de dedo em riste e saltitando com extraordinária leveza sobre a plataforma da sala de aulas da Universidade de Verão, que ele próprio considera “a iniciativa mais consistente de formação política em Portugal”, informou os seus formandos que a justiça em Portugal, afinal, não é tão independente como ao longo dos anos os partidos que se alternam no governo têm o cuidado de frisar com veemência sempre que alguém da sua cor cai nas malhas da lei.
Hoje, ao ler “A tempestade de verão” (título do seu artigo no jornal Público) fiquei a pensar se o Paulinho, com os quilos que tinha no ano passado conseguiria dar tanta cambalhota. Caramba, até o Montesquieu é chamado para retorcer aquilo que realmente disse.
Eu, que sou um simples cidadão (ou não sou?) que me vi aflito para perceber os episódios dos Lusíadas amputados do canto nono até que herdei uma versão com notas explicativas em rodapé, subentendi que aquilo que o Sr. professor queria dizer é que o ambiente político vivido numa determinada altura pode influenciar o trabalho da magistratura. Ou seja o PS, não foi capaz enquanto governo de criar um ambiente propício para levar à prisão de um primeiro-ministro ao contrário da atual coligação. Não se trata, portanto de mandar recados aos magistrados, mas de criar um ambiente (seja lá isto o que for) que aumente a produtividade dos agentes da justiça sem haver orientações externas.
Termina o artigo concluindo que “sob o ponto de vista do estado de direito, o ar é hoje bem mais respirável do que em 2009 e 2011”.
Pela minha parte, preocupado com a minha deficiência respiratória, aguardo que na próxima legislatura continuem a prender, não só primeiros-ministros mas também vice-primeiros-ministros.