sexta-feira, 28 de março de 2014

Hipocrisia

Quem criticou a intervenção do ocidente (europeu e americano) no problema da Ucrânia, apoiando as manifestações em Kiev, que de forma mais que previsível levou à intervenção da Rússia na Crimeia, não teve que esperar muito para ter a prova do verdadeiro motivo dessa intervenção  
Notícia: “Empréstimos do FMI à Ucrânia dependem de austeridade dura”. E segue-se: “FMI aceitou transferir 18 milhões de dólares para Kiev, mas governo interino terá de aplicar medidas impopulares e duras”.
Se pensarmos que as razões apresentadas a ocidente quanto à intervenção russa na Crimeia se centravam na violação do direito internacional, da constituição ucraniana, da própria democracia e até da declaração universal dos direitos do homem, estranharemos que o ocidente não intervenha e até nem se pronuncie sobre a situação noutros países, como por exemplo na Guiné Equatorial, onde o sistema é ditatorial, ao contrário da Ucrânia onde havia um governo eleito democraticamente.
Infelizmente a razão de uma e outra atitude dizem respeito ao interesse económico. Na Guiné Equatorial, os americanos exploram o petróleo de um dos maiores jazigos do continente africano, mas omitem as violações diárias dos princípios que dizem defender; por outro lado, juntamente com a EU, procuram alargar o seu espaço económico subtraindo-o à Rússia.
Parece que a Ucrânia se dividiu e os manifestantes perderam o gás depois de lhes faltar o apoio internacional. A “nova Ucrânia” irá certamente aderir à UE e quiçá ao euro, como dizia pretender. O limite aos apoios começa cedo, exigindo-se muita austeridade, muitos sacrifícios e depois logo se vê…
Vai certamente levar algum tempo e já não estarei presente para o testemunhar mas virá o dia em que portugueses e ucranianos ficarão unidos para saírem do Euro, se entretanto a própria Alemanha não se tiver antecipado.
E o velho ditado popular “Julgavam que se benziam e partiram o nariz” será evocado mais uma vez.

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