quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mais do mesmo

Dizem que o português é língua muito traiçoeira. Eu sei que é, pois já uma vez, por prometer trazer “palha de Abrantes a uns amigos, quando fosse à terra, me vi em palpos de aranha para lhes explicar o equívoco.
Desta vez a traição da língua traz o folheto informativo do produto tal como aquele que vem dentro de qualquer caixa de medicamentos, pelo que, toda a gente pode ficar rapidamente esclarecida.

Vejamos então:

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social aprovou por três votos a favor e dois contra, uma deliberação na qual concluiu que Miguel Relvas não fez pressões ilícitas ao Público.
Se “ilícitas” está a adjetivar “pressões” é porque aquela entidade entendeu que de facto tinham existido pressões, dado que, se assim não fosse, bastar-lhe-ia ter dito que não tinham existido nenhumas pressões.
Tanto bastou para que o Ministro-adjunto esboçasse sorrisos de satisfação.
Nem o pormenor do resultado da votação ter sido de 3 - 2 lhe amarelou os sorrisos.

Vou esperar sentado que alguém nos venha explicar com clareza qual o ponto exato em que uma pressão deste tipo se torna ilícita.
Cá para mim este “ilícito cheira-me a colete salva-vidas” que apenas serviu para salvar o náufrago.
Nota: A composição do Conselho é outro assunto.