domingo, 29 de janeiro de 2012

Sobe e desce

José Eduardo dos Santos é classificado negativamente no “Sobe e desce” do Jornal “Público”, porque Angola “impediu a entrada a 23 cidadãos portugueses na última semana”.
O texto que se lhe refere enfatiza o caso referindo que as “missões de charme” de Passos Coelho e Miguel Relvas não surtiram efeito junto do Governo de José Eduardo dos Santos.

“Estamos a fazer o que Portugal faz com os angolanos” é a argumentação usada por Luanda que o responsável do “Sobe e desce” entende ser reveladora de dislate.
E pimba! Seta para baixo”

Eu não tenho nenhuma simpatia especial por José Eduardo dos Santos. Mas na verdade também não simpatizo com o nosso ministro dos negócios estrangeiros, que apesar de tudo afirmou que os dois estados estão tratando do assunto ao nível de embaixadas.
Se Portugal, segundo o corpo da notícia, impediu a entrada de 21 angolanos, e Angola impediu a entrada de 23 portugueses, temos aqui um resultado muito equilibrado que devia dar também uma seta para baixo a Passos Coelho, já que sendo o nosso sistema semipresidencialista, o Presidente desta vez… safa-se.

Sim, pois é, existem as razões que motivaram ambas as atitudes. O referido jornal não explica e devia tê-lo feito… com a finalidade de reforçar a sua animosidade ao regime de Luanda.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O regresso do macaco

Afivelando um ar muito consternado o “pivot” de serviço anuncia que morreram sozinhas mais duas velhotas. Um facto absolutamente corriqueiro, dado o modo como a função social do Estado trata estes assuntos, é apregoado com a única intenção de sensibilizar e conquistar audiências. Hipocrisia elevada à máxima potência, com a conivência de mandantes e executores sem qualquer sentido de solidariedade para com os seus semelhantes. O tempo que medeia entre a morte e o momento em que são descobertos os corpos é muito importante para esta gente: dois meses depois dá para preencher o noticiário de uma semana, um dia apenas, quando muito, só dá para o jornal das 13 e o das 20 horas.
Uma  simples informação serve para desinformar, ou, o que é pior, deformar a mente das pessoas menos avisadas.
Até o macaco se apercebe disso!
Cretinos!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Esperteza macacal!

Para Justificar a atitude e apaziguar possíveis protestos pelo corte dos subsídios de férias e de natal, vem de lá o M.R. mais o seu sorrisinho matreiro e diz:
- Muitos países da EU só têm doze vencimentos.
Cita apenas três que lhe vêm à memória: Holanda, Noruega e Inglaterra.
O bacoco do repórter se tivesse 1/12 avos do discernimento da Maria Pardaloca teria perguntado:
- E que me diz sobre o vencimento mínimo dos trabalhadores desses mesmos países? 
E teria acrescentado com ar de entendido e sério:
Creio que os nossos trabalhadores não se importariam de trocar.
- Ó “bife”, fica lá com os meus 14 meses e passa para cá o teu ordenado mensal.
Sim, porque o salário mínimo Holanda é de 1398 Euros.
Em Portugal é de 485 Euros + Subsídio de Natal e Férias. Que representará uma média de 550 euros mensais, aproximadamente.
Quem não trocaria?
Esta mania de ir pescar exemplos nos outros países para nos confortar pelo corte de direitos, a que astuciosamente chamam regalias, para colocar os que não tendo as mesmas têm contudo outras, atingiu padrões tão ridículos, que já ninguém consegue engolir.
Um comentador no programa “Eixo do mal” procura inutilmente justificar o desabafo do nosso PR, sobre o défice nas contas da mercearia, informando-nos que o seu vencimento é inferior ao dos presidentes dos outros países da EU. Não seria eu que contestaria tal afirmação se alguma vez o mesmo comentador, seguindo a mesma linha de raciocínio, tivesse comparado os nossos salários, mínimo e médio, com os dos países que nos acompanham nesta globalização mal parida.
Todavia, Sarkozy, ainda há pouco tempo ganhava menos que o nosso presidente, com um condimento indispensável nestes cozinhados comparativos: é presidente se um país que não teve que tomar medidas de austeridade e com um nível de desemprego muito menor e um défice absolutamente compensado (por enquanto) pelo peso da sua economia.
Possivelmente, este comentador possui informações mais precisas.
Devia esclarecer o que disse com exemplos sérios.  
Deste modo a careca fica á mostra! Perdão! Já é careca! Eu também sou e ainda por cima estou careca de saber como cada um puxa a brasa à sua sardinha.
Vai sendo tempo de terem mais consideração pelos vossos súbditos, seus finórios!
A.M.

E agora?


Este senhor, fundamentalista do desacordo, vai chefiar o Centro Cultural de Belém.
Sem palavras!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Ainda mexe!

Uma vez por outra ainda vou espiar (é
o termo
) o velho “Blogues do Leitor”. O aviso, colocado em rodapé,
ainda lá está pedindo que esperemos pelo novo espaço aberto à participação de
todos. O número de residentes “contratados” é que já subiu para dez!


Num deles,
com o título “Velocidade”, da autoria de Armando Fonseca Júnior, dedicado a
automóveis e desportos motorizados, fui encontrar o comentário de um velho
conhecido daquelas andanças, velhote simpático de 84 anos de idade.

Escreve ele:

É SÓ PARA PERGUNTAR AO ADRIANO PEDRO E AO DESCONTENTE, COMO VÁI PORTUGAL. EU COMO ESTOU NOS ESTADOS UNIDOS Á 56 ANOS FEITOS NO PASSADO DIA 15, NÃO ESTOU APAR COM OS ACONTECIMENTOS. JÁ CHEGUEI AO ANO 2012 QUE FAÇO 84 ANOS, COMO PODEM VER AINDA NÃO MORRI. ABRAÇOS Á MALTA AOS
GRANDES AMIGOS E AMIGAS, E AOS MEUS INIMIGOS. JMS GOD BLESS AMERICA.


Como se depreende anda com saudades dos amigos e dos inimigos.
Não quis deixar de responder, só para matar as minhas e as suas saudades.

APAR É UM TATU.
HÁ 56 ANOS (verbo haver)

Vai começar a chover mas não é para admirar. Estamos no Inverno.

Durindana

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma defesa... ao ataque

Eu amo a minha língua.
Não afirmo que seja uma paixão, pois alguém, ouvindo, poderia interrogar:
- Então porque não a tratas com mais carinho?
Esse amor poderia conduzir-me a um comportamento conservador no que respeita à defesa da sua integridade, tal como acontece com alguns amigos que em conversas mais do que informais se manifestam contra qualquer alteração que lhe possa ser introduzida?
No que respeita à grafia tivemos nós, há pouco tempo, exemplos dessas manifestações por causa do acordo ortográfico. Mas também no que respeita à dilatação do vocabulário, com a introdução cada vez mais rápida de neologismos, se erguem as vozes de protesto e de repulsa.
Mas a língua, porque vive, transforma-se inevitavelmente, sem apelo nem agravo.
Principalmente connosco, portugueses, com uma identidade quase milenar como nação que, ocupada por estrangeiros por diversas vezes, e demandando por esse mundo, captou influências das mais diversas linguagens.
Por isso acho que devemos ser mais condescendentes no que respeita aos neologismos… principalmente se nos lembrarmos dos “vestustulogismos”, ou seja, velhíssimos neologismos que não tivemos oportunidade de discutir por falta de comparência na data aprazada.
Estrangeirismos que já não nos indignam são aos milhares.
Branco – do germânico blank (luzente)
Bolsa – do grego byrsa passando pelo latim bursa.
Biltre – do francês bélitre (esfarrapado)
Bingo – do inglês binge (farra) e bout (luta, vez) segundo alguns autores.
Bumerangue – do inglês bumerang que por sua vez veio de Wo-mur-rang,vocábulo de um dialeto australiano que designa a arma de arremesso que volta mais ou menos ao mesmo lugar em que foi lançada.
Batata – do taino batata, língua de um antigo povo das Antilhas que eu origem a um dialeto ainda hoje falado no Haiti.
Nesga – do árabe nasj (tecido) e que significa pequena tira que se cose entre dois panos.
Calafrio - do espanhol calafrio, junção de calo (quente) e frio (frio)
Cartel – do italiano cartello.
Hoje alguém pensa contestar estes termos?
Se nos insurgimos porque aparecem novos termos nos dicionários originários de outros países lusófonos como por exemplo o célebre bué (muito) de Angola ou o sururu do Brasil (dialeto tupi-guarani), como explicamos a calma indulgência com que lisboetas e portuenses, ribatejanos e transmontanos aceitam sem pestanejar o termo algarvio alcagoitas (amendoins) ou mesmo griséus (ervilhas)?
Claro que, perante estes factos, sou invadido por uma onda de conformação que trava qualquer ímpeto de me inscrever em cruzadas fundamentalistas contra os autores de tais disseminações.
Todavia, como um homem não é de pau (passe a citação), embora eu tolere o vocábulo Big-bang que já consta do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, não posso aceitar nunca que o termo Big Mac (Big+McDonald), seja integrado na nossa querida língua. Embora esse malfadado termo já conste do vocabulário dos meus netos, se alguma Academia tiver o arrojo de o oficializar, nesse mesmo dia, vou para a guerra.

Oh! Se vou!
A.M.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Um caso escolhido ao acaso


O Sr. Carlos Saraiva é um ser humano de rara sensibilidade. “Sensibilidade
para as coisas da vida e a capacidade de antecipação das necessidades das
pessoas”. Por isso entrou na promoção imobiliária e depois na hotelaria e creio
que também na restauração. Segundo confessa, gostaria de ter sido astronauta mas
acabou por ser engenheiro civil por acidente.


“Tirando o trabalho e a necessidade de pensar” não tem vícios. “Como extravagância guardo um bocadinho de tempo para mim e para poder estar com as pessoas de que gosto” -acrescenta.

Na entrevista concedida à “Hotéis & Viagens” confessa também que é uma pessoa calma, que aprecia a vida e gosta de olhar o céu. Não dá um passo maior do que a perna para não tropeçar ao mesmo tempo que avalia o Grupo CS em 500 milhões de Euros.

Toda esta informação e mais aquela que não vale a pena mencionar, se encontra à nossa disposição em diversos sítios da Internet. Pormenores do “íntimo” do Sr. Carlos Saraiva que não conhecia e que só por curiosidade fui procurar por ter visto no telejornal das 13 horas duas ou três dezenas de trabalhadores reivindicando salários em atraso.

Pelos visto a tal capacidade de antecipação que possui para adivinhar as necessidades das pessoas só diz respeito aos hóspedes dos “resorts” de luxo como por exemplo o CS de Vila do Golf - Beach & Golf Suites. Ou para os hóspedes do CS Salgados Grande Hotel onde desfrutam, dado a tal capacidade que possui, de piscina, jacuzzi, sauna, banho turco, duche de contraste, salas de massagem (talvez incluindo a tailandesa), ginásio e cabeleireiro.  

Locais luxuosos, frequentados por pessoas com altos rendimentos, construídos por pessoas de muito baixo rendimento, a quem não pagam o preço do seu trabalho, aliás, única coisa que têm para vender. Os tijolos devem ter sido pagos! O cimento, a pedra, o ferro, o vidro e por certo o mármore das casas de banho também!

Leio por fim que “o Grupo Carlos Saraiva tenciona regularizar a situação até ao final de Janeiro pagando a fornecedores e trabalhadores, após desbloquear as verbas do plano de saneamento assinado pelo banco e a saída da construção, que motivou mais de 300 despedimentos”.

Considerando o apregoado humanismo do Sr. Saraiva, que gosta
de olhar as estrelas no céu, não lhe seria possível, adiantar da sua conta
corrente o dinheiro para pagar aos trabalhadores que contribuíram para o
acumular do seu pecúlio? Caramba! é para o pão e o leite com que alimentam os filhos!


Pois é! Os culpados são os bancos que financiam não só aqueles que precisam de um teto para morar mas também aqueles que se lançam em grandes projetos, como o seu, Sr. Saraiva. Se os primeiros abrem falência, perdem a casa para o banco credor e os segundos, ao abrir falência, continuam a morar nas suas bela moradias e a viajar nos seus automóveis de gama alta.

Vá lá, Sr. Carlos Saraiva. Pague o que deve aos seus trabalhadores. Eles celebraram um contrato consigo (qualquer que ele tenha sido) e não com os bancos.  

E se por acaso o plano de saneamento não fosse possível?
A.M.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Episódio infeliz e muito sujo

Eram cerca de 8 horas da manhã quando saí de casa. Todos os dias, antes
de sair, pego maquinalmente numa tangerina, minha fruta predileta, que vou
descascando devagar no caminho para o café do meu amigo Jorge. Vou acumulando
as cascas na palma da mão de modo que a peça esteja já descascada quando passo por um caixote do lixo, daqueles que se costumam pendurar nos postes de sinalização,
onde as deposito.
Mas hoje, a casca da minha memória rompeu-se para deixar passar uma
anedota, muito curta, que o meu avô me contava. Faz parte do lote em que entram
um francês, um espanhol, um inglês e, como não podia deixar de ser, um português.

Tendo ido passear juntos pelo campo resolveram aliviar-se à sombra
duma oliveira. Depois, enquanto puxavam as calças para cima e apertavam os cintos, diz o espanhol:


- Porque será que o português olha sempre para o que fez?

- É para ver se chega para vocês os três!   

Porque,
Neste curto trajeto, uma senhora à minha frente, pelo passeio, conduzia
a trote, pela trela, o seu cãozinho de estimação. De vez em quando, o cachorro
estacava para dar uma cheirada e logo partia novamente acartando a dona atrás
de si. A certa altura parou, farejou e agachou-se. A dama aguardou pacientemente
que o seu “mais que tudo” depositasse no passeio os resíduos da última digestão
e quando o cão, já aliviado, esticava a trela para partir em nova desfilada,
ela segurou-o firmemente e ficou olhando longamente para o montinho de trampa.


Nessa altura, já eu passava por eles. Não me contive e perguntei:

- Tem ténia?

A.M.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

E já lá vão 8 anos...!

    Quando na segunda metade de 2003 fiz o primeiro comentário no malogrado “Desabafe Connosco”, espaço que o JN disponibilizou numa das suas páginas eletrónicas, logo um usuário do dito me apelidou de burro. Não fiquei ofendido. Nadica de nada.
     Tempos atrás tinha lido em “A vida íntima das palavras” do linguista brasileiro Deonísio da Silva, que o escritor (também brasileiro) João Gilberto Rodrigues da Cunha, num dos seus romances, tecia considerações sobre o burro. Dizia ele: “Burro é inteligente. Aprende ligeiro, sabe que seu dono é o patrão, que vai levá-lo para boa água e bom pasto, se cumpriu a sua obrigação. Mas é igual gente, tem manhas, gosta ou desgosta das pessoas e coisas, e mostra isso no comportamento: com cavaleiro estranho ou antipático, ele empaca, dá rabichada, endurece o queixo e, se leva esporadas, sai riçando a perna do coitado em lasca de aroeira ou fio de arame farpado”.
     Por isso resolvi, no registo dos comentários que fui fazendo passar a classificá-los, como referência de arquivo, do termo “Burro”. No princípio de janeiro de 2004 já ia no “Burro 69”.
     Escrevi então:
     Por mais que tente não consigo livrar-me dos americanos e dos americanistas. Abro o jornal ou a televisão e aí estão eles debitando sentenças tentando insuflar-nos a sua cultura, corrigindo os nossos erros, determinando os nossos caminhos. Até pela boca do meu neto:
     - Ó vô, vamos ali comer um “big mac”!
     Tenho dois amigos americanos, que conheci num curso de eletrónica que tirei na Holanda, que são duas máquinas que muito estimo. São muito diferentes. Um pensa como o John, só com a diferença que se cala quando perde a razão. Ao outro, que faz as mesmas críticas que eu faço sobre a influência americana na vida de outros povos, perguntei-lhe um dia:
    - Ouve cá ó Miles, também te chamam antiamericano?
     Riu-se.
     Conheço muito mais americanistas . Ele é o Luís Delgado, o Ribeiro Ferreira, a Mary, o John, um senhor que sabe tudo e agora não me lembro o nome, e claro, antes que me esqueça, o nosso Primeiro-ministro. Ainda não consegui determinar quem são os mais ferrenhos. Sem querer ofender ninguém diria mesmo: - entre uns e outros venha o diabo e escolha!
     Ora vejam lá que, por acaso, só por acaso, penso eu, alguém resolveu organizar um congresso de psicologia ou qualquer coisa assim. Por coincidência foi convidada uma senhora norte-americana (que sina a minha) que dá pelo nome de Elisabeth Loftus, como especialista em deteção, não de minas, mas de mentiras. Uma espécie de detetor com saias. E quando se julgava que só vinha participar no congresso, eis que é convidada para ir a tribunal explicar as metodologias que devem ser utilizadas para determinar se as crianças vítimas de pedofilia estão ou não a falar verdade.
Sei muito bem que ainda não conseguimos vencer esta nossa pecha de considerarmos que tudo o que vem do estrangeiro é melhor, mas neste caso acho que passaram as marcas. A manigância para tentar baralhar o jogo e desacreditar o processo “Casa Pia” ficou bem à vista.
    E os patrocinadores deste evento também!
A.M.