domingo, 31 de julho de 2011

Por causa da Aurora

Abrimos, distraídos, o álbum de Menina e Moça que contem um desenvolvido cancioneiro de amor. Foi adquirido por um jovem de 20 anos que, talvez impelido por forte paixão, o adquiriu em 1930. Os versos estão divididos pelos meses do ano e, entre cada um destes, existem algumas folhas em branco para anotações referentes ao mês anterior. Aliás, o subtítulo do livro é: “Agenda de Lembranças”.
Mas aquele jovem não transcreveu nenhum sentimento, nenhuma emoção… nenhuma lembrança, e aquelas folhas, que podiam revelar factos importantes para a compreensão do passado de alguém cuja memória nos é muito querida, continuam teimosamente silenciosas. Apenas sabemos que aquele jovem levou aquele livro consigo quando cinco anos mais tarde se casou.
Os versos, na maioria sonetos, passam transversalmente sobre os diversos períodos literários. Podemos tropeçar em Sá de Miranda e dar uma cabeçada em António Boto depois de termos sido atropelados por Olavo Bilac. Se conhecemos alguns dos autores escolhidos para compor este almanaque há outros que representam uma autêntica incógnita.
Neste momento devo traçar um paralelo entre as parcas hipóteses de esclarecimento naquela época com as que existem nos nossos dias e cuja diferença é abissal.

Por exemplo:

Mal se confrange na haste a corola sangrenta
E o punício vigor das pétalas descora.
Já no ovário fecundo e intumescido, aumenta
O escrínio em que retém os seus tesouros. Flora!
E ei-la exsurge a Romã. Fruta excelsa e opulenta
Que de acesos rubis os lóculos colora
E à casca orbicular, áurea e eritrina ostenta
O ouro do entardecer e o paunásio da aurora!
Fruta heráldica e real, em si, traz à coroa
Que o cálice da flor lhe pôs com o mesmo afago
Com que a Mãe Natureza os seres galardoa!
Porém a forma hostil, de arremesso e de estrago,
Lembra um dardo mortal que o espaço cruza e atroa
Nos prélios ancestrais de Roma e de Cartago!

São versos do brasileiro Emílio de Meneses. Não conhecendo o poeta surge a vontade de ser esclarecido. A dificuldade em procurar informação nos anos 50 era tal que imediatamente passávamos sobre as dúvidas seguindo em frente.
Agora, ao reler algumas páginas deste almanaque, perante o descuidado “deixa andar” da juventude, só agora surgiu o “ora vamos lá ver” de velho caturra.
E como é fácil encontrar o que queremos saber!
A biografia foi fácil.
Punício e exsurge também.
Mas que raio significa paunásio?
Ó Emílio, tu és um parnasianista, eu vi, mas… paunásio da aurora? - não havia necessidade, né?
Caramba, não sei onde mais hei-de procurar. No Ciberdúvidas” não existe nenhuma entrada e não consegui colocar a dúvida porque estão de férias até Setembro.
Entretanto dão-se alvíssaras.
A.M.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Bailinho


E a Madeira é do Jardim
E a Madeira é do Jardim
Para além do bananal
Inda quer mais cabedal.

O meu espanto não tem fim
O meu espanto não tem fim.
Já sei onde está o mal
Já sei onde está o mal



Agora temos um director de impostos acusado de crimes de fraude e branqueamento de capitais.

Como é normal nestes casos já teve acesso à imprensa para nos vir dizer que é pessoa impoluta pois em 2005, data a que se referem as acusações, já não era dirigente do Nacional da Madeira. Não seria. E depois? Não poderia, como Director dos Impostos naquela região, favorecer ilicitamente aquele clube?

Mas como de costume isto não vai dar nada.

O Rei vai subir ao palanque para voltar a chamar ladrões aos socialistas do “contenente” e terçar armas pelo seu querido director regional. Depois, por cá, acachapados com o papão da independência, o poder central verga-se e responde:

- Vossa Alteza tem razão. Os seus desejos serão imediatamente cumpridos.

Falam tanto em transparência!?

Quando mandam limpar os vidros?
A.M.

domingo, 24 de julho de 2011

Coisas de lana caprina

Como já confessei e se pode deduzir de algumas opiniões aqui expressas, sou ateu.

Algumas almas, condescendentes e amigas, dizem que isso é uma coisa que não existe e que quando muito sou agnóstico.
Serei.
Por vezes sou criticado de radicalismo pelos simpatizantes dos credos mais diversos.
Quando encontrarem um ateu fundamentalista façam o favor de me informar.
Esta nota prévia vem a propósito de uma “caixa” no Público deste dia de graça de Deus Nosso Senhor, 24 de Julho de2011.
Ali, na página 4 se mencionam os três atentados recentes na Europa.
Madrid – 11 Março 2009 – comboios – 191 mortos – Autores: islamistas
Londres – 7 Julho 2005 - Transportes públicos – 56 mortos – Autores: islamistas.
Oslo – 22 Julho 2011 - Edifícios do Governo e encontro de jovens trabalhistas – 92 mortos – Suspeito: homem de ligações à extrema-direita.
Prefiro o termo islamita, a não ser que islamista seja outra coisa, isto é, o primeiro seguidor do islamismo e o segundo islamita radical.
Onde quero chegar?

Quando se refere, na notícia do Público, os autores dos atentados anteriores apelidam-se de islamistas. Creio que seria correcto escrever, em relação ao atentado de Oslo, cristão.
Se por acaso islamista significa islamista radical então deveriam ter escrito cristão radical.
Porque ao fim e ao cabo são todos fundamentalistas.

Para me dar razão, no noticiário da TV às 13 horas o termo usado pela locutora para classificar o autor/suspeito do atentado de Oslo foi o de cristão fundamentalista.

Ah, bem, assim, sim!
A.M.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Paparocas

D. José Policarpo emitiu uma opinião que creio ter sido sincera, isto é, não existiam argumentos teológicos que impedissem a ordenação das mulheres.


Creio que se arrependeu e perante a onda de indignação que se gerou resolveu meter a marcha-atrás e evocar a carta apostólica de João Paulo II que retira à Igreja o poder de ordenar mulheres – acatai o magistério do Santo Padre - disse mais tarde.
Até houve quem defendesse a demissão do cardeal por “demência senil”.
Ora isto já aconteceu há alguns dias e eu não viria aqui evocar este acontecimento se a última “Visão” não abordasse o assunto num artigo de Vânia Fonseca Maia com o título “Qual é o feminino de padre?”
Sugiro que seja madre (mãe) em oposição a padre (pai).
Para prior já havia - aprendi na primária - prioresa
La même chose para abade – abadessa e sacerdote – sacerdotisa
Vigário serviria para os dois géneros. Que raio, vigarista tanto serve para homem como para mulher.
Cura também cura.
Pároco – Pároca
Clérigo – clériga
Presbítero – presbítera.
Reverendo – reverenda.
Etc….


Nota: Não mencionei a papisa porque dizem que é boato. Todavia há quem acredite que uma certa papisa de nome Joana foi “papada” por um guarda suíço de quem teve um filho. Morreu no parto, coitada.
Claro, era no século IX, tão longe no tempo…
A.M.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pinóquios

Vamos celebrar o dia da verdade a 1 de Abril, pois é quando se mente menos, dado que nesse dia as mentiras são falsas.
Exemplificando: Se Passos Coelho nos tivesse informado que era um disparate “mexer” nas pensões no dia 1 de Abril, teria falado verdade.
Idem para todos os políticos e governantes que ao longo dos anos nos têm mentido descaradamente até chegarmos à situação em que nos encontramos.
Se depois de ser eleito, Passos Coelho tivesse afirmado:
- “Não me desculpo com a governação anterior a não ser que encontre contas erradas” -seria o silogismo perfeito.

Vem isto a propósito da declaração hoje divulgada, em que o PM se queixa do buraco nas contas que o seu Governo encontrou.
Se era admissível não estarem certas as contas, teria sido preferível não ter afirmado por diversas vezes não se desculpar com o Governo anterior.

Os Jornais também não nos ajudam a escrutinar a verdade.

O Diário de Notícias informa em título: «Passos diz que encontrou um "desvio colossal" nas contas.»
No seguimento da mesma notícia já se escreve: «o seu Governo encontrou um "desvio colossal em relação às metas estabelecidas" para as contas públicas.»

Parece lógico que interpretemos “ Desvio colossal em relação às metas estabelecidas” como a frase dita por Passos Coelho.
Qual a razão/objectivo de colocar no título “desvio colossal” nas contas?

Agora agradecia que me explicassem que “metas estabelecidas” são estas.  
A.M.

Nota: os meus agradecimentos à WEHAVEKAOS pelos bonecos

terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por qué no te callas?

Jornal das 20 Horas.

Sousa Tavares acaba de nos informar que Passos Coelho é como uma melancia - não se sabe o que está lá dentro.
Como ribatejano que lidou com melões e também com melancias sugiro que o calem.

Nota: Segue foto de melancia calada.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Palavras soltas

Quase seiscentos anos os separam.

Não noto que haja alguma semelhança física.
Um nasceu em Valladolid o outro em Tomar.
Tudo por causa de uma divergência de opiniões quanto ao líder do Partido?
Sr. João, essa foi muito forte! Tanto mais que o Torquemada sendo de origem judaica fez archotes de muitos judeus. E que eu saiba o Sr. Miguel nem fuma.
Não era necessário, caramba!
Agora só falta sorrirem um para o outro quando tirarem a habitual fotografia de grupo.
Cumprir ordens de um Torquemada? Vai ficar empanturrado de gatos!
A.M.
PS - Pensava que a mudança sistemática dos secretários de estado, dos seus acessores, dos seus chefes de gabinete e respectivas secretárias e até dos seus motoristas cada vez que há mudanças de governação era  por causa da confiança política.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

E depois dizem que não entendem...

Mas espera aí.

Só agora é que as agências de “rating” nos desclassificam?
Antes da crise política que levou a novas eleições não o faziam já?
Vozes, muitas vozes, se ouvem agora a criticar essas mesmas agências e um famoso economista da nossa praça chega a classificar de terrorismo a actuação da “Moody’s”.
Enquanto os políticos seguirem o caminho da simulação, da matreirice e da mentira descarada, nunca será possível erguer o país da fossa em que está metido.
A confiança, responsabilidade e abertura prometidas pelos vencedores do último acto eleitoral o que significam?
Confiança em quê ou em quem?
Responsabilidade? Quem admitiria a irresponsabilidade? Quem responsabiliza?
Abertura?... Puf… o que é isso?
Outro chavão usado foi a promessa de uma “relação adulta”.
Porquê? O anterior governo mantinha uma relação adolescente com a população?
Se o anterior Governo tão criticado pela oposição merecia ser castigado por não cumprir o que prometeu ao povo (lá me ia a mão para a populaça) devemos desculpar o actual por fazer o mesmo? Pois, pois o estado de graça…
Em campanha disse que era um disparate “taxar” o subsídio de Natal. Pimba!
Afirmou que taxaria o consumo e não o rendimento em caso de necessidade. Pumba!
E sobre a suspensão do processo de avaliação dos professores? Cumpriu?
A peça trágica/cómica do caso Fernando Nobre está muito mal contada.
Quando uma pessoa sai de casa pode ser atropelado por falta de atenção ou descuido do condutor. Em cima da passadeira? Deixa cá ver a carta!
Recebe uma nota de despedimento sem justa causa, que culpa tem ele, né?
Uma velhinha partiu um pé por causa de um buraco no empedrado da rua?
O Sr. presidente da câmara é primariamente responsável pelo desastre.
(bem esta foi metida de estucha por causa dum famoso “pinheirinho” numa freguesia do Porto).
Isto é, na peça citada, é difícil atribuir responsabilidades.
Será que Fernando Nobre bateu à porta em Massamá para propor a sua adesão ao PSD em troca da Presidência da Assembleia?
Ou pelo contrário terá sido Passos Coelho que se deslocou ao domicílio de Nobre para lhe fazer a dita proposta?
No caso da candidatura à Presidência da República já nós sabemos quem o incentivou e a razão do incitamento.
Claro que a responsabilidade neste caso é repartida.
Todavia estou convencido que Passos Coelho não deve ter sido suficientemente convincente junto dos deputados da sua bancada para apoiarem Fernando Nobre, dado que alguns, fizeram orelhas moucas.
No meio destas trapaças quem me pode impedir de pensar que a “presidenta” já tinha sido escolhida e o nosso PM andou a garantir o chumbo de Fernando Nobre?
Não nasci desconfiado… fizeram-me!
A.M.

                                                       ADENDA
Entretanto a agência de rating chinesa Dagong acusa as norte-americanas, Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch de estarem encobrindo a insolvência dos EUA ao  recusarem-se baixar a sua avaliação - apesar das crescentes dificuldades do país em pagar suas dívidas.

Chen Jialin, director-adjunto do departamento internacional da Dagong, disse ao semanário Sol que as três agências norte-americanas apenas lançaram avisos sobre a elevada dívida dos EUA, é devido à pressão da opinião pública e não por vontade própria.

sábado, 2 de julho de 2011

Veja a diferença

No espaço reservado ao correio dos leitores leio este preâmbulo de um comentário ali feito:

“Não estou formalmente nem afectivamente ligado a qualquer partido político.”
Creio que a finalidade primeira, senão única, é abonar a “sentença” que vai ser proferida.
A opinião de um independente tem muito mais peso, seja qual for o partido em que vai “malhar”. Né?
No caso em apreço, apenas se refere aos partidos que se têm alternado no poder, defendendo um e atacando o outro.
A certa altura referindo-se a um ex-ministro do PS, elucida:
“Esqueceu-se do (des)Governo do qual fez parte assinou um acordo de austeridade com a troika?!...”
Este tipo de artifício é muito usado nos meios políticos.

Por exemplo:
Quando o PS ganha as eleições não deixa de se desculpar com o estado em que o PSD deixou o país para justificar as medidas gravosas que é obrigado a tomar.
Por sua vez o PSD tem, habitualmente, feito o mesmo.
Desta vez virou-se o disco:
Em vez das desculpas com o estado em que o PS deixou as contas públicas dizem:
- Não nos vamos desculpar com a situação que viemos encontrar.
O que pensa a populaça?
Assim, sim! Assim é que é! Nada de desculpas.
Toca a trabalhar!
A.M.


Nota: Pulido Valente voltou hoje a usar o termo “populaça” na sua crónica. Ai, como eu gosto desta expressão – populaça!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

1ª Sensação

Que não gostem de Carvalho da Silva, entende-se.

Se já não toleram os sindicatos…!?
E os grémios? Acabaram ou existem na clandestinidade?
Ou estão disfarçados de associações patronais?
Agora que se use nomenclatura baixa e reles para o classificar, está mal.
Se o Sr. Carvalho da Silva devia fazer um clister opaco alguns detractores deviam lavar a boca com Tantum… verde!