quinta-feira, 30 de junho de 2011

Eu explico

Está bem, eu conto.
Quando a FA comprou à França alguns aviões (Harvard T-6 e Junkers) dado que já tinha decidido abandonar a Argélia, coube-me o última viagem para trazer os últimos Harvards do negócio.
Aterramos na Base de Blida e já não era conveniente ir á cidade. Era perigoso. Só com escolta.
No regresso aterramos em Oran (pouco tempo) e ala que se faz tarde!
Todavia, e aqui é que entra a Espanha, na ida, tinhamos ficado um dia e uma noite em Sevilha. Recebemos instruções para nos hospedarmos no antigo Hotel Cristina, afim de não deixar a FAP mal colocada. Os oficiais foram para o Afonso XIII que era hotel de luxo, aliás mesmo em frente do nosso, na mesma praça.
Quando vimos os preços concluímos que as ajudas de custo só davam para pagar a dormida pelo que nos dedicámos às “tapas” sentados ao balcão de alguns bares para satisfazer a larica.
À noite, antes da deita, fomos à cave do hotel e assistimos ao típico “tablao flamenco”.
Aqui fica, para a posteridade o relato do meu único contacto com os nossos “irmões”, que em Aljubarrota levaram na touca, mas a quem hoje temos que comprar as batatas e as cebolas… sem um único tiro e sem nenhuma “padeirada”.
Aliás, o general Massena que teve de bater em retirada, deve estar hoje a rir-se a bandeiras despregadas, já que os Franceses, uma data de anos depois, nos impõem quotas de produção limitadas, para termos que importar (e pagar) alguns dos seus produtos. As batatas e as cebolas, por acaso também são francesas.
Agora marchava uma francesinha!
Estou com uma fome que nem vejo!
E absolutamente desvairado quando soube que este ano o Pai Natal vai ter uma quebra nas vendas que vai ter que declarar falência.
E as renas?
O que vai ser das renas?

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Enquanto as lotações se esgotarem o filme fica em cartaz

Sangue. Muito sangue.
De preferência empoçado.
Uma perna partida.
De preferência com factura exposta.
Um filho que bateu na mãe.
A mãe que deitou arsénico na sopa do pai.
Tiros, muitos tiros.
Rajadas de preferência.
Um incêndio nas águas-furtadas.
Queimaduras do 3º grau, se possível.
Um suicídio com pré-aviso era o ideal.
Transmissão em directo.
O corpo a cair lá do 14º andar.
A fazer poff na calçada.
Ah! Ah! E um feto no caixote do lixo?
Se ao menos houvesse um terramotozinho.
As ruas cheias do entulho das casas.
Uma mão com os dedos encrespados.
Ensanguentados, claro.
Saindo do meio dos destroços.
Isso é que era bom!
Mas não temos essa sorte!
E então uma guerra a sério?
Com os mortos estendidos na valeta.
Ou todos alinhadinhos num campo qualquer.
Amortalhados.
O meu filho bateu-me.
- Até me chamou vaca e puta.
Uma lágrima furtiva.
Um ar consternado do entrevistador.
Enquanto mira o monitor da audiência.
Ena pá, tá no pico!


Entretanto,


6ª Estratégia de manipulação mediática, de Noam Chomsky:
"Utilizar muito mais o aspecto emocional do que a reflexão.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional e finalmente o sentido crítico dos indivíduos.
Por outro lado a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injectar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos."


Assim, ficamos sem saber se a intenção é aumentar as facturas da publicidade ou prestar um serviço ao poder instituído.
Pois. Deve ser as duas coisas.
Junta-se o útil ao agradável.
A.M.

Vamos lá a simplificar as coisas...

Há, efectivamente, uma associação dos serventuários do poder judiciário, mas não era certamente a estes que se referia Garcia Pereira quando certo dia ficou agastado com Eduardo Moniz no “Prós e contras”.


Lembrei-me desta cena quando a semana passada Pulido Valente na sua crónica do Público glosava sobre as primeiras medidas tomadas por Passos Coelho – viajar em classe económica e trabalhar durante as férias – e aproveitava para desancar nos jornalistas que imediatamente se adaptaram e conformaram ao novo governo, logo após as eleições.
José Manuel Pina refere-se ao “novo” Estatuto Editorial do Expresso como uma “republicação” do estatuto de 2008, denunciando o artº 7 que «prevê a possibilidade de o jornal se abster de publicar notícias que, mesmo sendo verdadeiras e dentro da lei, considere poderem, eventualmente, ser "nocivas ao interesse nacional"».
Ricardo Costa vem explicar que aquele estatuto remonta a 1974.
Não é obra sua.
Manuel Pina pede desculpa.
E ao Expresso também.
Penso, apesar de tudo, que lhe cabe alguma responsabilidade.
Como jornalista deve conhecer o ponto b) do artº 14 do estatuto dos jornalistas: “Respeitar a orientação e os objectivos definidos no estatuto editorial do órgão de comunicação social para que trabalhem;”
Ou seja, como seria possível a um qualquer jornalista com base no artº 7 do Estatuto Editorial, deixar de cumprir aquilo que o artº 14 do seu próprio estatuto determina?
Mas que grande confusão!
A.M.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Veremos...

Aplaudo, de pé, todas as medidas tomadas pelos governantes deste país que tendam a diminuir a despesa do Estado com a sua própria administração.
Todos sabemos que por mais profunda que seja esta redução, ela pouco contribui para a redução do nosso défice. Aliás esse tem sido o argumento usado ao longo dos anos para manter o despesismo da máquina do estado.
Normalmente quando se fala em diminuir esta despesa, principalmente agora que temos o país hipotecado, propõem-se em primeiro lugar medidas para reduzir os gastos com a saúde, com a educação, privatizar empresas públicas ou semi-públicas, congelar ou mesmo diminuir salários, aumentar o IVA, alterar os escalões do IRS.
Todavia, se as medidas para reduzir os gastos com a renovação das frotas de carros dos ministérios, a manutenção sumptuosa de residências oficiais que nem os protocolos justificam, as viagens ao estrangeiro de duvidosa utilidade e por vezes com acompanhantes, a utilização prudente e controlada dos orçamentos dos ministérios, não representam muito na diminuição do défice, têm um extraordinário peso moralizador, que pode de certa forma conformar aqueles que têm de reformular por baixo os seus orçamentos familiares para suportar as medidas de austeridade. As actuais e aquelas que se adivinham para o futuro.
Por tudo isto aplaudo a decisão do novo Primeiro-ministro se deslocar em missão oficial ao estrangeiro viajando em classe turística. Há quem critique e entenda que é apenas uma medida demagógica.
Terei a mesma opinião quando daqui a alguns meses verificar que mais nada foi feito e de que até o seu exemplo não foi seguido pelos seus ministros.
O benefício da dúvida deve-lhe ser concedido.
A.M.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Mas que macada é esta?

Eu explico porque me veio à memória a minha avó Maria.
Se recordo com saudade a sua farinheira assada com arroz de manteiga feito em banho-maria também não esqueço as maleitas que lhe chegavam sempre nas vésperas de algum evento familiar. É certo que já ninguém ligava muito a essas crises sistémicas e por isso redobrava de artifícios para chamar a atenção. Enfiava-se na cama… ai, ai, ai e gritava:
- Dá-me um tiro, António! Dá-me um tiro!
O António era o meu Pai que tinha resistido à pneumónica e era o único filho vivo que lhe restava. Vira morrer três filhas no início dos anos 30 e sempre considerei esse facto como atenuante para estes azedumes.
1ª Chamamento – Fui à inauguração de uma exposição na minha terra natal e encontrei uma prima, filha de um irmão desta minha avó e que já não via há muitos anos.
- Estás cada vez mais parecido com o teu avô Rafael – disse-me ela quando me viu.
- E tu estás cada vez mais parecida com a minha avó Maria – respondi eu.
Na verdade os genes da linha materna são muito mais evidentes na minha figura do que os da linha paterna, daí que apenas me limitei a fazer uma constatação.
2ª Chamamento – “Dêem-me um tiro na cabeça porque sem um tiro na cabeça eu vou para a presidência da A.R.”
O tiro da minha avó devia ser-lhe ditado pelo tiro que deram no Sidónio Pais e que a levavam a trautear a nosso pedido, já se vê:
Se vocês vissem o que eu vi
Lá para os lados dos Marinhais
Uma mulher a assar castanhas
No rabo do Sidónio Pais
Aparece agora um nobre (D. Duarte está atento) a pedir que lhe dêem um tiro e até sugere que seja na cabeça.
A minha avó, creio eu, só desejava que lhe dessem um tiro de pólvora seca e de preferência no dedo mindinho do pé.


E ainda há quem chame os piores e mais ordinários nomes possíveis aos contestatários desta nomeação, mesmo que eles tenham origem no partido que o apoia.
Mas que cegueira!
A.M.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Volta a falar-se do diabo!

Volta a falar-se do diabo!
O Mafarrico era um querubim antes de se ter rebelado contra Deus.
Nunca foi levado em linha de conta se essa atitude não teria sido um mal entendido com algum Serafim, que despeitado o classificou abaixo da média para julgamento do Conselho Divino, impedindo-o de progredir na carreira.
Este assunto devia ser estudado pelos teólogos oficiais dos representantes de Deus neste mundo, que para ser de cão, já lhe falta muito pouco.
Então e os disfarces?
Como ir à missa dominical, ter o quadro da Ceia do Senhor na sala de jantar, a bíblia na mesinha de cabeceira e as benzeduras antes das refeições, provarão porventura que não estamos perante um Belzebu no último ano da Escola Superior de Teatro?
Ó pra mim!
Aqui ladeado por representantes do mal, tal como foi recriado, com forma humana, para que ninguém duvidasse que ele poderia ser o nosso vizinho, a mulher da hortaliça, o carteiro, o nosso amigo de infância... ou eu mesmo.
Talvez seja!
E olhando para Sócrates a ser julgado pela má gestão dos dinheiros públicos (como já se propõe numa petição a circular na Net) não me admiraria que o acusado, olhando à sua volta, se interrogasse:
- Então qu’é dele os outros?
A.M.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Se outras razões não houvesse...

Ainda sobre as declarações de Ana Gomes sobre Paulo Portas, Pedro de Pezarat Correia escreve no DN.

PAULO PORTAS MINISTRO?


Ana Gomes provocou uma tempestade mediática com as suas declarações sobre Paulo Portas. Considero muito Ana Gomes, uma mulher de causas, frontal, corajosa, diplomata com muito relevantes serviços prestados a Portugal e à Humanidade. Confesso que me escapa alguma da sua argumentação contra Paulo Portas e não alcanço a invocação do exemplo de Strauss-Kahn. Mas estou com ela na sua conclusão: Paulo Portas não deve ser ministro na República Portuguesa. Partilho inteiramente a conclusão ainda que através de diferentes premissas.
Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa Nacional de anterior governo, mentiu deliberadamente aos portugueses sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, que serviram de pretexto para a guerra de agressão anglo-americana desencadeada em 2003. Sublinho o deliberadamente porque, não há muito tempo, num frente-a-frente televisivo, salvo erro na SIC-Notícias, a deputada do CDS Teresa Caeiro mostrou-se muito ofendida por Alfredo Barroso se ter referido a este caso exactamente nesses termos. A verdade é que Paulo Portas, regressado de uma visita de Estado aos EUA, declarou à comunicação social que “vira provas insofismáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque” (cito de cor mas as palavras foram muito aproximadamente estas). Ele não afirmou que lhe tinham dito que essas provas existiam. Não. Garantiu que vira as provas. Ora, como as armas não existiam logo as provas também não, Portas mentiu deliberadamente. E mentiu com dolo, visto que a mentira visava justificar o envolvimento de Portugal naquela guerra perversa e que se traduziu num desastre estratégico. A tese de que afinal Portas foi enganado não colhe. É a segunda mentira. Portas não foi enganado, enganou. Um político que usa assim, fraudulentamente, o seu cargo de Estado, não deve voltar a ser ministro.
Mas já não é a primeira vez que esgrimo argumentos pelo seu impedimento para funções ministeriais. Em 12 de Abril de 2002 publiquei um artigo no Diário de Notícias em que denunciava o insulto de Paulo Portas à Instituição Militar, quando classificou a morte em combate de Jonas Savimbi como um “assassinato”. Note-se que a UNITA assumiu claramente – e como tal fazendo o elogio do seu líder –, a sua morte em combate. Portas viria pouco depois dessas declarações a ser nomeado ministro e, por isso, escrevi naquele texto: «O que se estranha, porque é grave, é que o autor de tal disparate tenha sido, posteriormente, nomeado ministro da Defesa Nacional, que tutela as Forças Armadas. Para o actual ministro da Defesa Nacional, baixas em combate, de elementos combatentes, particularmente de chefes destacados, fardados e militarmente enquadrados, num cenário e teatro de guerra, em confronto com militares inimigos, também fardados e enquadrados, constituem assassinatos. Os militares portugueses sabem que, hoje, se forem enviados para cenários de guerra […] onde eventualmente se empenhem em acções que provoquem baixas, podem vir a ser considerados, pelo ministro de que dependem, como tendo participado em assassinatos. Os militares portugueses sabem que hoje, o ministro da tutela, considera as Forças Armadas uma instituição de assassinos potenciais». Mantenho integralmente o que então escrevi.

Um homem que, com tanta leviandade, mente e aborda assuntos fundamentais de Estado, carece de dimensão ética para ser ministro da República. Lamentavelmente já o foi uma vez. Se voltar a sê-lo, como cidadão sentir-me-ei ofendido. Como militar participante no 25 de Abril, acto fundador do regime democrático vigente, sentir-me-ei traído.

Junho de 2011-06-13
PEDRO DE PEZARAT CORREIA

Nota: a caricatura foi colhida no blogue marioteixeiracomics.blogspot.com.

domingo, 12 de junho de 2011

A razão da coisa

Um espaço entalado entre efígies repetitivas de Cristo é preenchido sistemática e metodicamente, por ataques a Sócrates e aos seus companheiros mais próximos, feitos de uma forma violenta, desumana e tão perversa que, embora nunca tenha votado PS, condeno com veemência.
Por uma questão de formação sou incapaz de insultar alguém da forma torpe e insidiosa que ali, naquele religioso espaço, se pratica quase diariamente. É como se o diabo à solta tivesse ocupado a área sem qualquer temor e respeito pela lateral vigilância e não permitisse o mínimo acto de indulgência ou de humanidade.
Como é evidente não acredito em Deus e tão pouco no Diabo, a não ser aqueles, um e outro, que vivem no interior de cada um de nós e determinam a nossa maneira de estar na vida.
Naquele espaço, Ana Gomes é acusada de ter ligado Paulo Portas aos meios de prostituição masculina.
Procurei com afinco encontrar em diversos lugares as declarações de Ana Gomes em que tal acusação tivesse sido, pelo menos, indiciada.
Não encontrei.
Parece, segundo li algures, que o “Paulinho das Feiras” como é carinhosamente reconhecido, encarregou Garcia Pereira de analisar as declarações de Ana Gomes no sentido de encontrar, ou não, alguma coisa que justificasse elaborar um processo contra aquela senhora.
Talvez o autor possa dar uma ajuda ao Garcia.
É pena que o nível linguístico, o sarcasmo e a ironia inteligente, a surpresa constante pela terminologia usada e por vezes reinventada e transformada sirvam para prestar tal serviço.
Não me importa a quem.
Só condeno o método.
Com alguma amizade, apesar de tudo.
A.M.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Les uns et les autres

Acabam de noticiar que diversos países europeus se reuniram para criar um fundo para ajudar os rebeldes líbios. Fala-se em dois mil milhões!?
Ena pá, é muita massa! Quem será o otário que vai investir tanto caroço só por causa do Kadafi ser autoritário? (desculpem a rima)
Aqui há gato.
E se a gente organizasse um movimento de apoio aos rebeldes dos Emirados?
- O quê?
- Não há rebeldes nos Emirados?
Pudera! Até pagaram centenas de milhares de dólares a uma empresa americana para criar um exército de mercenários para impedir que aconteça o mesmo que na Líbia e na Síria.
Grandes malandrecos!
São tão engraçados!
Nem me riso ter com posso!!!
A.M.

domingo, 5 de junho de 2011

Às 15h30 da tarde do dia 5 de Junho de 2011

Esta noite não consegui dormir. Embora tenha passado todo o dia de sábado a reflectir, à hora da deita ainda não tinha tomado uma decisão.

Cheguei a admitir a hipótese de votar em branco ou anular o voto. O que de certo nunca faria, era faltar às urnas.

Aliás, ouvi o nosso Presidente incentivar todos os cidadãos a votar pois caso contrário, mais tarde, não teriam o direito de protestar. Suponho que o direito de apoiar também estava vetado aos abstencionistas.

Particularmente, não necessitava deste aviso. Tenho picado o ponto em todas as eleições livres desde que me conheço e estou absolutamente convicto que o nosso Presidente preferia que eu não votasse se por acaso soubesse o partido em que costumo votar.

Tudo bem. Acabei por tomar uma decisão aí por volta das 4 horas da madrugada.

Tendo chegado à conclusão que os partidos que vêm repartindo o poder são farinha do mesmo saco, decidi colocar de lado o aviso popular do “vale mais o mais ou menos do que menos, já que mais não pode ser” e optei pelo “quanto pior melhor”.

Fui e votei no Passos Coelho!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Da Nação II

A imagem anterior era apenas um "fio condutor" para a compreensão da dita exposição.
Se não chega... segue outra.
Parece que não há nada que vos arranque do rincão natal!!!?


O convite continua de pé.
A.M.