domingo, 27 de novembro de 2011

Ai, que lindas figuras!

Amigos!... Desta vez vão quinar.
Antigamente, no tempo das faúlhas, havia o maquinista e o fogueiro. O maquinista conduzia o monstro e prestava atenção aos semáforos. O fogueiro, às pazadas ateava o lume para aumentar a pressão na caldeira.
Os modernos fogueiros ateiam as hostes futebolísticas para aumentar o facciosismo e o ódio entre os adeptos dos clubes.
Não contem comigo!

“O autocarro do FC Porto foi recebido pelos adeptos no estádio do dragão com o lançamento de petardos, depois de a equipa ter perdido ontem à noite com a Académica por 3-0.”


"Vítor Hugo, acusado de tentar entrar no Estádio da Luz com um petardo no jogo de futebol Benfica -FC Porto viu a sua pena de sete meses de prisão ser transformada em 210 dias de multa, num total de 1.260 euros.”


“Um very light lançado por um adepto benfiquista atingiu, do outro lado do estádio, Rui Mendes. O engenho explosivo, que percorreu mais de 130 metros na horizontal, matou o adepto do Sporting, num dos casos mais negros de que há memória no futebol português. Hugo Inácio foi o autor do disparo, que se revelou mortal.”
Concluindo:
Aquilo a que os adeptos do Sporting chamam jaula é o mesmo que o queijo (se pensasse) chamaria à rede que o protege das moscas.
Por isso, os dirigentes e adeptos do Sporting  deviam agradecer a colocação da rede que os protege dos petardos e very lights lançados pelas torcidas encarnadas.
Ou já se esqueceram do very light?


Enquanto gastamos briquetes com estas ninharias os verdadeiros e importantes problemas do nosso tempo passam-nos ao lado e só lhes vimos os rabos.
A.M.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Merci, Millôr!



No meio da praça, ainda ontem ocupada por feirantes, encontrava-se agora um pavilhão desmontável de ferro e plástico. Sobre a entrada um atractivo cartaz anunciava: “Feira do Livro”. Da rua, através do plástico transparente, viam-se as longas bancas cobertas de livros, ora perfilados ora desordenadamente amontoados sobre as compridas bancas.
Quando entrei não havia ninguém para além da jovem empregada, que solicitamente me atendeu. Lá fora, ali mesmo ao lado, a esplanada de um café encontrava-se repleta de gente que gozava o sol daquela manhã fim de Outono.
Que não! Que só queria dar uma vista de olhos, agradeci.
De um modo geral para este tipo de digressão não levo planos preconcebidos e a maioria das vezes não compro nenhum livro, a não ser em condições excepcionais em que deparo com o segundo volume de uma obra de que só tenho o primeiro, como aconteceu há tempos quando deparei com o “Trinity” que me faltava. Ou de uma outra em que num velho alfarrabista deparei com um trabalho de um autor secundário da minha terra natal em que narra os seus encontros e conversas com Ramalho Ortigão. Ou ainda da surpresa que me invadiu quando encontrei a publicação de Jorge de Sena, onde se encontrava o poema “Drama de um pai de família” que um amigo… deixa para lá… já passou.
Desta vez detive-me algum tempo em frente de um título: “Pif-paf”. O seu autor, Millôr Fernandes, transportou-me de imediato para a minha juventude e para a revista “Cruzeiro” dos anos 50 de que a belíssima Marta Rocha foi capa mais do que uma vez. Nesse tempo, Millôr era articulista desta revista com o pseudónimo de “Vão Gogo”, se a memória me não trai e cuja página era a primeira a ser lida.
Não esqueci os seus espirituosos pensamentos e as tiradas oportunas dos seus bonecos.
Desta vez, tinha que ser!
Paguei 2 euros e meio e meti o livro debaixo do braço.
Quer que embrulhe? – Perguntou-me a simpática atendedora.
- Não é preciso, é para ler já!

Nota: Abro com boneco e fecho com pensamento "profundo": Nos momentos de perigo é fundamental a presença de espírito, embora o ideal fosse conseguir a ausência de corpo”.

A.M.

terça-feira, 15 de novembro de 2011