sábado, 19 de junho de 2010

Saramago

Há brasileiros que não gostam de Jorge Amado, Graciliano Ramos, Dalcídio Jurandir.
Há argentinos que detestam Jorge Luís Borges.
Há chilenos que não simpatizam Com Pablo Neruda
Há colombianos que não suportam Gabriel Garcia Marques.
Há espanhóis que odeiam César Arconada ou Jorge Semprún.
Há franceses que não querem ouvir falar de Jean-Paul Sartre.
Há venezuelanos que ostracizam Frederico Brito Figueroa e, apertando o nariz, suportam Vargas Llosa.
Há certamente cubanos que renegam Nicolás Guillén.
Há italianos que repudiam Antonio Gramsci.
Há uruguaios que olham de soslaio para Mario Benedetti.
Há americanos que expulsaram Charlie Chaplin e desconfiam de Upton Sinclair.
Há ingleses que antipatizam com George Orwell e ignoram Óscar Wilde sem ser por aquilo que todos sabem.
Há portugueses que não toleram Bernardo Santareno, nem Sofia, nem Manuel da Fonseca, nem Soeiro, nem Urbano, tão pouco Alegre, ainda menos Ary. Desprezam Joaquim Pessoa, de Romeu Correia nunca ouviram falar mas também não gostam.
Acham graça a Almada mas não o toleram, olham de soslaio para Jorge de Sena, nunca ouviram falar de Henrique Leiria mas interrogam-se: quem é esse gajo?
O José Gomes Ferreira?
Não podem com ele!
O Eugénio de Andrade?
Assim-assim!
O Miguel Torga?
Deus nos acuda!
A Maria Velho da Costa?
Pois tá bem!
Mau!
E que me dizem do Virgílio e da Lídia?
Não estamos para aí virados.

De quem a gente gosta mesmo é do Manuel de Portugal e do Chico da CUF.
Isso é que é malta fixe!

Então e o Saramago?
Uh! Uh! Uh! Uh! Uh!
O quê? Já morreu?
Coitadinho…!

A.M.
Nota: Alguém ainda acredita que não gostam do Saramago porque se esqueceu de semear vírgulas nos textos?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Drogas

Se por acaso, um acaso meramente circunstancial, se procura reduzir a auto estima dos portugueses que circulam por este espaço, divulgando os consumos de álcool no nosso país, não posso deixar de realçar alguns aspectos que, como medida profilática podem atenuar o mal estar dos portugueses.

Se com o mal dos outros todos podem, segundo um dito popular, a verdade é que o conhecimento de que não estamos sós no que respeita aos índices negativos, tem o mesmo efeito que o Voltaren numa dor provocada pelo desgaste de uma qualquer vértebra lombar.

Os níveis de consumo de álcool na Europa Ocidental ultrapassam os do resto do mundo.

Os níveis de consumo na Europa de Leste são substancialmente mais baixos.

O consumo nacional desceu de 12, 9 litros de álcool puro por pessoa/ano em 1990 para 9,7 em 2002.

Apesar disso continuamos acima da média dos países da União Europeia que é de 8,06

Piores do que nós estão:

Luxemburgo – 11,9

Hungria – 11,1

Irlanda – 10,8

Alemanha – 10,4

França – 10,3

Estes são os factos!

Por isso, meus amigos, não fiquem confrangidos, por nos chamarem alcoólicos.

Ainda temos que beber mais uns copos para ficarmos ao nível da Alemanha, ela mesma, que marca o ritmo de desenvolvimento da Europa.

Mas onde estamos muito atrasados é na passa, na erva e na seringa.

Nestas áreas estamos a consumir muito menos do que em países que ingerem menos álcool, mas que estão em primeiro lugar no consumo de outras drogas.

Mais leves?

Mais pesadas?

DROGAS!

A.M

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia 11 de Junho (o dia seguinte)


Meter no mesmo saco o Estado e o Povo Português por não tratarem bem os antigos combatentes é uma incorrecção histórica.

O Estado é directamente responsável pela falta de atenção e mesmo de algumas desconsiderações que ao longo dos anos os antigos combatentes sofreram e é indirectamente responsável porque pela sua ausência e negligência não promoveu o reconhecimento que o País lhes deve.

Por outro lado o pedido de eliminação entre bons e maus soldados, feito por um historiador/sociólogo, no tempo e no modo como foi feito, não pode significar o branqueamento dos crimes da guerra colonial.

Quando pensava dizer qualquer coisa sobre a intervenção de António Barreto neste dia 10 de Junho, fui surpreendido pela edição especial do noticiário da SIC.

Ao tomar conhecimento da vida de João Sabadino Portugal e do seu regresso a casa quarenta e tal anos depois, desisti de abordar o massacre da Baixa do Cassanje em 1961.

A história de João Sabadino tirou-me a vontade de remexer no passado.

Por agora.

A.M.







quinta-feira, 3 de junho de 2010

Medalhas de cortiça

Durante um certo tempo e perante o constante matraquear das desgraças portuguesas feitas por portugueses, que vivem em países mais desenvolvidos, me interroguei da razão dessa atitude. Será que queriam semear inveja nas nossas mentes? Será que pretendiam justificar perante si próprios a justeza da sua “aventura” procurando refazer as suas vidas longe da pátria? Seria pirraça, tipo infantil, do género: “eu tenho um berlinde mais bonito que o teu”? Será só para chamar a atenção?
Que sentido haverá em vasculhar o jornal “O Crime” ou os títulos do Correio da Manhã e transcrever aqui as desgraças do nosso quotidiano. O pai que violou a filha, o aluno que deu um estalo na professora, o banco que foi assaltado, o neto que bateu na avó?
Algumas vezes sem acrescentar comentários, mas na maioria das vezes acrescentando algumas notas do tipo: “toma lá que é para assares”.

Talvez não exista apenas uma razão. Deve haver um conjunto de razões difíceis de decifrar.

Durante algum tempo, interpretando o facto como uma provocação, sentimos o desejo de vasculhar os Correios da Manhã da outra banda para lhes mostrar que nem tudo são rosas lá onde moram.
Nessa altura passamos a ser anti-americanos. Depois de chancelados não há hipótese de comentar o mais pequeno acontecimento negativo passado naquele continente que não sejamos acusados, para além do nosso anti-americanismo, de pertencer a partidos políticos fascista e nazistas.

Durante algum tempo, na parte que me diz respeito, deixei de tentar “vingar-me” desencantando desaires como moeda de troca.
O ambiente melhorou um pouco… não muito.

Há poucos dias voltou a criticar-se neste espaço a indisciplina nas nossas escolas como se fosse a apoteose do infortúnio, quando ainda estamos algo longe dos vários massacre que ao longo dos anos têm acontecido nos EUA e não só. Lá chegaremos, porque segundo parece devemos copiar tudo o que ali acontece.
Até o índice de desemprego em Portugal merece comentários desagradáveis quando ultrapassámos a barreira dos 11%, como se lá, donde vem a crítica não houvesse desemprego.
Em Outubro de 2009 o desemprego nos EUA era de10,2% e em Março de 2010 recuperou um pouco, situando-se em 9,7%.
Será esta diferença suficiente para atribuir medalhas de ouro a uns e de cortiça a outros?
A.M.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Os valores perdidos

A teoria de que “isto só lá vai” com a alteração dos valores éticos e morais é uma verdade que, por tão óbvia, nem seria necessário mencioná-la.
O importante é saber porque se degradaram esses valores.
O importante é saber como corrigi-los.

Terá sido por acaso? Não há responsáveis?
Continuamos todos a dizer que isto só lá vai com a restauração dos tais valores como se não houvesse nada a fazer, como se fosse um mal sem cura, um desígnio dos deuses a que não nos podemos furtar.

Oiçamos as promessas dos políticos quando das campanhas eleitorais (eleitoralistas).
Reparem como aliciam o eleitorado, como vão ao seu encontro, como sorriem, beijocam e dão passou-bens.
Vejam depois como, sendo poder, fazem o contrário do que prometeram ignorando e fugindo das pessoas e encerrando-se num casulo donde procuram justificar as decisões tomadas.

Depois é vê-los a servirem-se do poder para se atribuírem benesses, inventar institutos que só servem para colocar familiares e amigos e dando-lhes autonomia para estabelecerem os seus próprios vencimentos e demais alcavalas.

A Grécia tomou a decisão de reduzir o número de autarquias de 1000 para 300 como medida anti-crise. Nós bem poderíamos fazer qualquer coisa parecida mas ia ser o fim do mundo em cuecas. Basta a gente lembrar-se de algumas manifestações da população para promover a sua terra a concelho ou mesmo a freguesia... e a consegui-lo.
E todos sabemos que 30 municípios estão falidos e possivelmente muitos mais estarão em falência técnica.

Quem não se lembra de em 2006 o presidente da Câmara Municipal de Viseu ter proposto aos presidentes de junta de freguesia do seu concelho para correrem “à pedrada” os inspectores do Ministério do Ambiente?
Ou seja a entidade que deve fiscalizar e multar obras ilegais realizadas pelas juntas de freguesia é impedida de fazê-lo.
Foi uma atitude democrática ou ditatorial? (!)

Ferreira Torres, Isaltino de Morais, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro são os nomes sonantes de autarcas arguidos em processos, acusados das mais variadas irregularidades. O que acontece? Podem os partidos, envergonhados, retirar-lhes o apoio partidário; a população embevecida com a generosidade dos seus presidentes volta a elegê-los.
Popularidade?
Segundo o Expresso de 29/8/2009 o custo das campanhas autárquicas em 2009 ultrapassou seis vezes o custo das legislativas. Como é que isso é pago? Donde vem o cacau? Sim, eu sei, vem do Brasil.

Como é que se podem evitar estas malfeitorias, repor um mínimo de ordem na gestão pública dos diversos organismos, castigar quem prevarica?
Sim, porque isto contribuiria para restabelecer alguns dos valores perdidos!
Democraticamente ou ditatorialmente?

Já sei.
Com uma democracia musculada!
A.M.