domingo, 30 de agosto de 2009

Vai uma bilharada!

Esta coisa de ficar aqui agarrado ao teclado ao despique com um fantasma que só a mim parece atormentar, não tem cabimento.
A minha grande desvantagem parece ser a grande preocupação que começo a ter de repetir demasiadas vezes a mesma coisa.
Sei muito bem o que isso significa. Claro que a senilidade não acontece só aos velhos, também existe a precoce, a qual, nem os comprimidos amarelos, que tomo todas as noites, conseguiriam atenuar. Estes tipos de maleita são irreversíveis e ás vezes fulminantes.
Sempre preocupado, quando converso com os meus amigos, avanço sempre com o bordão – não sei se já vos contei esta – esperançado que nenhum, mais pragmático, me desarme com um – acabaste de contar isso há cinco minutos.
A gente deve ir-se medindo, isto é, avaliando as nossas capacidades. Só deste modo evitaremos a grande surpresa de acordarmos um dia, talvez numa manhã de inverno, velhos.

Assim decidi mudar de táctica. A velha teoria de que “se não os podes vencer junta-te a eles” começou a germinar no interior da careca. E se eu o convidasse para uma partida de bilhar?
Não me lembro muito bem, mas tenho uma vaga ideia de que já houve aqui alguém que me desafiou para uma partida. Se for o caso, fica também, desde já, convidado. Até calhava bem, eu emparceirava com ele e o Tadeu com a ucraniana.

Nesta altura do campeonato ainda não consegui ganhar uma única partida às três tabelas com esta bela ucraniana. Não existe nenhum artigo no regulamento que a obrigue a estar vestida e um gajo não é de pau, mesmo que com algum caruncho. Ainda se fosse bilhar livre…!

Resumindo, convido o Tadeu e o parceiro que me desafiou e já não me lembro quem foi (embora desconfie), para uma “parceirada” nos moldes que proponho em cima.
Talvez o Tadeu se distraia com a ucraniana e nos deixe em paz.
Se não se distrair eu desconfio.
A.M.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pior que o H1N1

Calma, calma que eu começo a desconfiar que a gripe A não é tão perigosa como a gripe PS.
Tendo informado a Sra. D. Elisa Ferreira que um militante do seu partido (importante militante) vinha apresentando um comportamento público susceptível de prejudicar a sua campanha, recebi na volta do correio uma resposta que me recomendava calma, porque esta coisa das "netes" é mesmo assim e no fim tudo acaba por se compor.

Concluí que não havia solução para o caso já que a própria candidata à Câmara do Porto, não via que esse comportamento a desfavorecesse, o que deve ter moralizado tanto o Sr. Projectista e Investigador que logo acelerou a sua conduta de 2000 de cilindrada, conseguindo emitir a mesma mensagem à inaudita velocidade de 1/s.
É obra!

Mas o pior estava para acontecer.
A partir dessa altura, comecei a receber mensagens na minha caixa de correio com tal frequência que o meu servidor volta não volta me avisa que atingi o limite da capacidade. Ora, para me avisar que a candidata vai estar presente na zona da Campanhã no dia 22 e que o ponto de encontro é na Praça da Corujeira às tantas da matina, ora para me informar que se não vi a sua entrevista na Sic-Notícias como o Mário Crespo posso vê-la no link tal e coisa.

Até me informam dos componentes da lista de candidatos à CMP e AMP.
Fico então a saber que há Fernandes, Pereiras, Quintanilhas, Vieiras, Rodrigues, Azevedos e Coutos.
Quando leio que ainda fazem parte da lista uma arquitecta paisagista e um compositor fico muito admirado por ignorarem um projectista e Investigador, licenciado como Técnico Superior em Avaliação da Qualidade de Estudos de Impacte Ambiental, sócio-fundador e presidente da Associação de Moradores de Monte do Tadeu / Santo Isidro, Bonfim-Porto.
Então qual é o critério?

O que mais me irrita é tratarem-me por caro apoiante.
Caramba, eu apenas me queixei do comportamento dum açambarcador do espaço alheio, um “conceituado” militante que há mais de um ano empastela os Blogues do Leitor com comentários que já cheiram a mofo.

Caro apoiante?
D. Elisa, aceito que não tenha mão naquele seu correligionário, mas por amor de Deus não me tratem por apoiante. Se o fosse, só por causa deste exemplo de como não se deve estar na vida, pedia que me apagassem dos vossos cadernos.
A.M.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cada macaco no seu galho

Ora assim é que é – cada macaco no seu galho.
Eu, macacão (e não “matacão” como carinhosamente me apelidam), empoleirado no meu, consigo lobrigar os meus companheiros desta macacada empoleirados no seu ramo a vomitarem a bílis das suas entranhas que, pelo caudal, revelam ter reservas maiores do que as de petróleo na Arábia Saudita.
A sua existência, um autêntico flagelo para algumas pessoas, incomoda-me menos do que uma pulga com esclerose múltipla (ou será esquelerose?)
Por isso não deixo de sentir um certo orgulho por se preocuparem tanto comigo.
Devo ser pessoa importante para lhes merecer tanto cuidado e tanto tempo perdido.

De uma penada saltam três “anónimos” conluiados na mesma toca para me insultar.
Não sabem fazer mais nada! A cassete de Álvaro Cunhal ao pé das suas é um gravador dos anos quarenta a válvulas e com soluços.
O Irão, a Coreia do Norte, a Venezuela, sempre a mesma ladainha. Uma coisa não se pode negar, decoraram na perfeição o manual neoconservador da ala mais conservadora do partido republicano dos EUA.

Não se pode falar de nada.
- Esta pinga é um mimo da natureza!
- Pois, mas o Pol Pot é que estraga tudo.
- Desmoronaram-se as arribas lá para o Algarve…
- E o Chávez? O que me dizem daquela besta?
- O Pedroso defende coligações com o PCP ou BE.
- Malandros, o Soljestine é que vos topava.
- O dia amanheceu hoje sem vento e com temperatura amena.
- Tá bem tá, vocês conhecem o Chico Ferreira da CUF?

Anónimos, disse eu.
Mas não tanto como se possa julgar.
Há palavras que por tão repetidas são autênticas assinaturas.
Por exemplo: “percipitação” em vez precipitação; ou hodierno em vez moderno por causa da ênfase.
Claro que não sei quem é o Malaquias, mas desde o princípio que vi claramente com quem estava a falar.
Aí está ele agora com toda a sua corajosa pujança de anónimo a chamar-me fariseu.
Não vou muito longe quanto à minha sapiência mas ela é contudo suficiente para saber que não sou nenhum “ansião”. Quando muito sou um ancião que nunca cometeria um erro desse quilate.
Do “ai que me dói”, nem vou falar.
Ao capitãoganxo pergunto: Mas que mal é que eu lhe fiz?
Ao Picard dado que já nos conhecemos de ginjeira, recomendo alguma moderação.

Por mais que tentem nunca irão conseguir que desça ao vosso nível para vos comentar.
Podem ter a certeza.
A.M.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vale tudo, até mesmo tirar olhos

Ele é Cuba para cima, Fidel para baixo, o Irão não sei quantos, a Coreia do Norte também, e o Putin, e o Sócrates, e o Zapatero, e o Chávez, e o Morales e mais não sei quantos comunistas, socialistas e até mesmo alguns sociais-democratas apanhados na leva do anti-americanismo – tudo para o saco.
A minha pituitária ainda não completamente “esquelerosada” detecta um ligeiro cheiro a mofo.
Será manobra de diversão do tipo “olha o passarinho”?
Se é, não chega!
De modo nenhum o silêncio que se faz sobre determinados factos pode ser tomado como indicador do seu desconhecimento ou da sua própria irrelevância.

Para não ir cavar em 1917 podia falar por exemplo de Alberto Gonzalez, recordista dos cartões de crédito roubados (134 milhões) de que hoje mesmo se dá notícia. É um cidadão americano de ascendência cubana. Quando foi detido pela primeira vez não foi acusado em troca da colaboração com os serviços secretos na identificação de outros criminosos. Se por acaso alguém julga (como já aqui li) que a ascendência influencia o carácter das pessoas talvez seja interessante frisar que o pai fugiu de Cuba numa jangada.

Mas onde eu queria chegar era à petição que circula na Internet apelando a um boicote à loja IKEA devido a uma notícia publicada na imprensa sueca “sugerindo” que o exército israelita matou palestinianos para lhes roubar os órgãos.
O jornalista, Donald Bostrom, é um profissional autónomo, que rapidamente será desacreditado. Pessoalmente preferia que fosse desacreditado em tribunal, sim porque um tipo que levanta uma acusação destas, só poder ser condenado e preso.
A não ser que prefiram limpar-lhe o sarampo pela calada da noite.

Queria chegar aqui, como disse, mas apenas para servir de trampolim para aterrar em Nova Jérsia onde há pouco tempo foi desmantelada uma associação criminosa acusada de corrupção e branqueamento de capitais. Foram presos 44 políticos acusados de receberem financiamentos ilegais e de aceitarem subornos.
Acontece que no meio deste enorme escândalo também foram presos alguns rabinos que além de lavagem de dinheiro e venda de bens falsificados, também se dedicavam ao tráfico de órgãos humanos.

Que a China é acusada de ter o mais alto índice de penas de morte com o intuito premeditado de usar os órgãos humanos já toda a gente sabia, embora não perceba muito bem como é que se sabe tanto de um país fechado ao mundo e com uma censura tão feroz.
Por vezes torna-se bem mais difícil conhecer as poucas-vergonhas que se passam no país “mais democrático” do mundo, onde na defesa da segurança nacional, só passados 25 anos são dadas a conhecer.
Do mal, o menos.
A.M.

sábado, 22 de agosto de 2009

Diz a sardinha:


.... e os "ossos" doados à comunidade científica para estudo da osteoporose.
A.M.

Diz a sardinha...









quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A fuga

Fuga:
Acção ou efeito de fugir. Fugida, partida rápida, evasão para escapar a perseguições.
Segundo alguns autores é uma operação normalmente feita a grande velocidade.
Quanto a mim depende das circunstâncias em que decorre o acto de dar corda aos canivetes.
Se é para fugir à polícia, então sim, convém ter asas nos pés. Se a fuga surte efeito passa a constar que anda a monte, a não ser que seja pessoa importante e nesse caso diz-se que está ausente.
Mas se se trata de fugir ao fisco então é melhor contratar um bom técnico que saiba encontrar o buraquinho que sempre existe na lei para evitar que os colarinhos brancos se sujem. Este fugitivo, que nem sequer chispou um niquinho, ou está sentado confortavelmente em casa ou a passar férias numa estância balnear.
As tropas, os exércitos, por exemplo, nunca fogem – batem em retirada.
E a fuga de capitais? Então o numerário também cava?
Também existe a fuga, composição polifónica, em contraponto sobre um só tema e que se divide em seis partes: exposição, episódio, estreto, resposta, contra sujeito e coda.
Tendes aqui um exemplo: Fuga da Sonata nº 1 do mestre.

Creio que as cubanas fugiram tanto como Magalhães para o PS ou como Seabra para o PSD.
Mudaram-se!
A.M.

domingo, 9 de agosto de 2009

ESTOU DE FÉRIAS!

Em 7 de Agosto de 2005 no extinto "Desabafe Connosco", fórum do JN

Estou de férias!
Não aqueles dias de descanso em honra dos Deuses pagãos, nem estes dos tempos modernos concedidos aos trabalhadores e ainda menos os que se referem às férias escolares, não, nada disso.
Estou a falar de uma outra coisa, que é um reformado desligar-se do dia a dia, nem que seja por um período muito curto, por ter ficado saturado com o vazio provocado pelas desgarradas, aparvalhadas e anestesiantes intervenções dos órgão de informação do seu querido e amado País.
A maneira como se fala dos fogos, procurando medir a todo o momento quem deixou arder mais ou arder menos; a justificação das exonerações e admissões de carácter político feita ao ritmo de uma partida de futebol; a extraordinária importância da idade dos presidenciáveis para as eleições que se avizinham; os inequívocos benefícios que advêm para o público da redução do período de férias da magistratura; a inadmissível falta do nosso Primeiro junto dos bombeiros enquanto se passeia pela estranja a gozar um (i)merecido descanso; uma candidata autárquica que anda a monte e outro candidato com uma caderneta de serviço que é uma vergonha para toda a gente menos para ele próprio; um rei de madeira, que para além de nos chupar até o tutano, ainda nos avilta e achincalha.
O aeroporto, o comboio, o défice, o congelamento das carreiras, a uniformização da segurança social, a colocação dos professores, a iliteracia e o baixo índice de aproveitamento em matemática, as greves da polícia, da função pública.
Tudo isto e muito mais é referido, desvendado ou ocultado, retorcido e emendado ao sabor de todos os interesses. Todos, menos o interesse do País!

Refastelado numa poltrona, porque ainda não se paga uma taxa para o efeito, penso seriamente se merecerá a pena a gente preocupar-se com o “estado a que isto chegou”.
Indeciso, interrogo-me:
- Que fazer?
É quando no canal aberto à minha frente entra um personagem mais conhecido que o Damásio, o Egas Moniz, o Saramago, quiçá mais célebre que o Figo ou o Mourinho.
Entra em cena “Mister Gay”.
E canta:
“Eu sou um peixinho.
Eu chupo-te a cabeça,
E tu comes-me o rabinho.”

Levanto-me para vomitar. Mas não me sinto melhor. Chamo o médico que me proíbe de ver televisão durante dois meses. Fico a caldos de galinha até que o estômago aguente alguns sólidos. Estou proibido de comer peixe a não ser em forma de filetes.

Tenho mesmo que me retirar.
Até um dia destes.
A.M.







segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O MURO

Acompanhem por favor o meu raciocínio:

No espaço em que nos movemos existem quatro janelinhas superiores que se destacam das dezoito que se seguem. As primeiras dão pelo nome de Blogues JN e as outras de Blogues do Leitor.
Todos compreendemos e creio que todos aceitamos com normalidade a criação de um espaço destinado a autores credenciados pelo JN distinto de outro onde a amálgama de feitios, credos políticos e religiosos, polidos e mal-educados, serenos e desordeiros, provocadores e pacificadores, estabelece um clima febril e agitado, impróprio para quem queira apresentar um trabalho qualquer, seja ele político, de música, de teatro ou moda. Aliás os comentários feitos a esses “posts” são muito poucos e o “feedback” dos criadores absolutamente nulo.
É a sua característica.
Não há conversa e logo não se gera discussão.

Em “Farpas” há, pelo menos, duas excepções.
A entrevista a Paula Bobone tem 28 comentários.
Claro que comentário puxa comentário.
Até há um que reza assim:
Por acaso não conhecem o ditado que diz:
“Se não tivermos nada de bom a dizer, devemos ficar calados?”
Então porque não se calou? – Perguntaria eu.

Mas o exemplo mais flagrante, pelo menos segundo a minha opinião e depois de ter percorrido todo o Blogue de “Farpas” passa-se na entrevista a Guida Maria.
Entrei como de costume e desta vez resolvi fazer um comentário a propósito das posições assumidas por aquela artista, que vi representar diversas vezes e cujo trabalho admiro e respeito, sobre alguns aspectos da vida nacional, cujas comparações me pareceram absurdas e tendenciosas.

Agora, pasme-se!
Entra o Malaquias.
Para falar da entrevista?
Para comentar algum aspecto das declarações da artista?
Para questionar “Farpas” sobre as questões colocadas ou não colocadas?
Nada disso.
Malaquias entra para postar esta coisa:

“ó Adrianopedro, você é a útima criatura do mundo a ter moral para falar de dificuldades, porque se há quem suspire por aquele tempo que em Portugal já vai longínquo, você suspira por um tempo que é o de hoje, em que milhões de cubanos vivem com mantimentos racionados e se quiserem comer mais qualquer coisita têm de recorrer ao mercado negro a preços proibitivos. Está a perceber? E não venha com a história do embargo, essa choraminguice pegada que só fazem os apoiantes do ditador desde que o império comunista soviético morreu.
E quanto ao Mata, ainda a lembrar o ano de 1968? Tanto tempo? Ui que longe que vai! Nesse tempo ainda havia sovietes, gulags e cortina de ferro. Mas também houve primaveras que foram de esperança na libertação do jugo vermelho, mas que foram pisadas pelos tanques da estrela vermelha. Ui que distante!
Ui que mentirosos!”

Claro que não tenho a mania da perseguição e creio que o Adriano também não, mas lá que o Malaquias nos persegue, disso parece não restarem dúvidas.
Ainda um dia, sentado ao sol, numa qualquer praia deste país me vai aparecer o Malaquias para me questionar:
- Ó Mata que me diz você dos sovietes, dos gulags e da Cortina de Ferro?
Estou tramado.
Estamos lixados!
A.M.

domingo, 2 de agosto de 2009

A paciência terá limites?


Deve ser ódio de morte.
Até em casa estou mal.
Tenho que me precaver
Porque tenho pouca sorte.
A quem terei feito mal?

O Malaquias então
Pensando que sou cubano
Não me larga um só momento.
Quem será o valentão?
Será ele americano?

Oh, homem deixe-me em paz!
Não quero aturá-lo mais.
Acabou a brincadeira.
Talvez não saiba, aliás,
Que lhe levo a dianteira.

Quando você vai p’ra lá
À procura de argumentos
Para tentar confundir-me
Já eu venho para cá
Cheiinho de mantimentos.

E não fora a pachorra
De que nasci bem dotado
Já me tinha posto a milhas.
Isto é que está uma porra!
Procure ser mais ponderado.

O MATAcão...

… sou eu mesmo e com todo o propósito.
Depois de uma infância na província onde ter um ou mais cães era vulgar, mas em que as técnicas para despistagem de parasitas, tanto internos como externos, eram pouco eficientes, fiquei “vacinado” e depois do meu grito do Ipiranga que fez chorar muitas lágrimas a minha mãe, não voltei a tê-los à minha responsabilidade.
Não porque goste menos deles, mas porque não dispunha de tempo para respeitar os cuidados que eles merecem.
Quando nasceram os meus filhos o problema recolocou-se. A partir dos cinco ou seis anos de idade eles começaram a pressionar o pai:
- Ai que cãozinho tão lindo!
- Posso ficar com este?
- Oh mãe diz ao pai que a gente gostava de ter um.
- Tomávamos conta dele!
E eu lá ia resistindo conforme podia às pressões dos garotos. Que davam muito trabalho. Que a sua manutenção custava muito dinheiro. As doenças, os veterinários, os sacos de comida…

Quando inauguraram um dos primeiros centro comerciais da região, diz-me a minha mulher:
- Gostava de lá ir. Até podíamos almoçar por lá
Um belo dia, calhando, lá fomos e levámos os miúdos.
Só havia três lojas a funcionar. Todos os outros espaços ainda estavam para venda.
Por azar, julgo eu, porque nunca consegui provar que tenha havido conluio, uma delas era loja de animais, onde meia dúzia de pássaros, dois gatos e três cães compunham o estoque.
Quando dei por mim já vinha a caminho de casa e os dois pequenos lá atrás com o cachorro ao colo, desfrutando de mais alguma coisa do que da posse do bicho. Pelo menos foi o que me pareceu.
Quando chegámos já tinha nome. Era o Crapaud. Durante o percurso já tínhamos decidido democraticamente através de concurso de sugestões. Ganhei eu.
Como podem ver pela fotografia que junto, a sugestão foi-me dada pelas suas fuças.

Afeiçoei-me ao Crapaud, como não podia deixar de ser e lá começaram os trabalhos:
Vacinas, desparasitagem, embalagens de comida e até um osso falso para ele afiar a dentuça. Era muito provocador com os outros cães e um dia aproveitando o portão aberto foi-se meter com dois pastores alemães que passavam na rua. Os tipos não eram para brincadeiras, perseguiram-no e deram-lhe dois esticões no cachaço que ficou paralisado dos quartos traseiros. Tinha ficado com duas vértebras fendidas segundo o veterinário que o socorreu. No dia seguinte pôs-se de pé e ali ficou sem dar um passo.
Imediatamente percebi que queria ir à rua fazer aquilo que mais ninguém conseguiria fazer por ele, dado que era muito asseado e quando precisava punha-se com o nariz encostado à porta da rua até que alguém a abrisse.
Então, construí uma padiola. Colocava-a ao seu lado no chão, ele subia muito devagar para ela e eu e o meu filho transportávamo-lo para o quintal onde com a mesma lentidão procedia à sua higiene. Regressava pelo mesmo caminho e pelo mesmo processo.

Passados mês e meio já estava a andar normalmente e só nos invernos tinha crises que lhe tolhiam os movimentos pelo que era preciso tomar analgésicos.
O pior foi quando começou a ficar velho.
Não sei se sabem que esta raça de cães, como tem o focinho achatado, respiram muito mal e até ressonam quando estão a dormir, tal e qual como eu próprio desde que engordei um pouco. Por essa razão possuem menos longevidade do que a maioria dos seus congéneres.
Começou a ficar cegueta, e talvez por isso, por preguiça ou cansaço, também muito porcalhão. Deu em andar a encostar-se às pernas das pessoas talvez para chamar a atenção sobre si, ou então para sentir que não estava sozinho dado que também já estava mouco. Pregou duas vezes com a minha sogra no chão, que também algo surda e trôpega tropeçava frequentemente nele. Como minha querida sogra, ainda por cima, sofria de osteoporose ficámos com receio que partisse o colo de um ou dos dois fémures, sabe-se lá, e lá ia ela na mecha parar a uma cadeirinha de rodas que seri inevitavelmente eu a empurrar.
Perante tal conjuntura tivemos que tomar uma opção.
A eutanásia. Do Crapaud, como está bem de ver.
Eu não estou a brincar pois o assunto não dá para isso.
Vocês se calhar, numa situação como a minha compravam outro cão, já velho, cego e ainda mais surdo para, conluiado com o Crapaud, aumentar a possibilidade de dar cabo da velha senhora sobre a qual se contam as piores e mais injustas anedotas.

Eu disse “tivemos que tomar uma opção” mas na verdade ninguém tinha coragem para o levar ao veterinário para uma execução sumária. Com injecção letal, como fazem a humanos nalguns países.

Fui eu que tomei a decisão e portanto sou eu o responsável. Todavia faltando-me a coragem pedi a uma sobrinha nossa para o levar ao veterinário.
Contou-me ela, mais tarde, que o pobre bicho morreu sem dar por isso.
Como eu costumo dizer: quando acordou, estava morto!

Contei esta pequena história por várias razões:
A primeira porque me apeteceu.
A segunda porque me distraiu.
A terceira porque estava muito vento e não conseguia varrer o jardim.
A quarta para evitar responder directamente a provocadores encartados.
A quinta para informar que “entreveniente” é um erro de palmatória daquelas com cinco buraquinhos.
A sexta… Digo? Não digo!
A.M.
PS – O único cão que agora tenho chama-se Dómino e tem-se portado muito bem