sábado, 17 de outubro de 2009

Livralhada

Não é todos os dias que um Conde, colocado a meio da tabela hierárquica da nobreza, se digna comentar um electricista metido a encadernador. Ou será que um curto-circuito te danificou a instalação.
Aqui tens a situação sob a forma fotográfica. Está no topo.
Só lhe falta meter os arreios na lombada, (tal como os outros) mas como te disse não estou apto para fazer esse trabalho. Na primeira oportunidade tratarei do assunto. Tem calma.
Abração,
A.M.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre a amizade - Uma curta reflexão

Nunca me passou pela cabeça pegar numa picareta e numa pá e desatar a cavar à procura de amigos. E conhecendo a lenda de Diógenes também não vou de lanterna acesa em pleno dia à procura deles. Não uso armadilhas para os caçar ao virar da esquina, nem possuo, sequer, qualquer manual que me ensine a conquistá-los.

A amizade é sempre espontânea. Solidifica-se com o tempo. É um afecto que não está sujeito a vicissitudes. A franqueza, lealdade, confiança e compreensão estão sempre presentes, mesmo entre pessoas de temperamentos, culturas e opiniões diferentes.

A amizade, contudo, muito dificilmente escapa à poluição de sentimentos.

Numa tentativa para esclarecer algumas dúvidas que possam existir no espírito dos residentes deste espaço que tive o enorme prazer de contactar pessoalmente distingo uma das seguintes citações:

De Lincoln: “Amigo é um homem que tem os mesmos inimigos que nós.”

De H. Hubbard: “É uma pessoa que nos conhece a fundo e que, apesar disso, nos estima.”

Creio que a conduta que tenho usado desde que entrei neste espaço desvendará facilmente que discordo de Lincoln e apoio com energia a definição de Hubbard.

A.M.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um peixe chamado Juliana

Título:
Um peixe chamado Juliana

Este era o título de um artigo no Ípsilon, suplemento do Público.
A primeira coisa que me veio à caixa do encéfalo foi a sopa Juliana. Em primeiro lugar porque gosto muito de sopa e desta em particular, mas também por ter lido qualquer coisa a respeito da origem deste nome para baptizá-la.
Segundo consta foi um cozinheiro francês que a inventou tendo resolvido apelidá-la com o nome da vila onde morava o seu patrão – Julienne.

Afinal para além da sopa também temos o peixe. Mas desta vez é o articulista a apelidar a cantora lírica Juliana Snapper de peixe. A referência é óbvia dado que ela se prepara para cantar na piscina do Clube Fluvial Portuense, acompanhada por cerca de 60 figurantes em “You Who Will Emerge from the Flood”.

Adivinho que vai ser um espectáculo memorável e tenho muita pena de morar tão longe.
Aconselho os meus amigos do norte a estarem presentes e, caramba, parece que só se pagam 5 euros da entrada.

Depois mandem notícias comentando o evento.

Prevejo que a célebre letra “foi um peixinho do mar que me ensinou a nadar”, vai passar a ser “foi um peixinho do mar que me ensinou a cantar”.

Sem complexos, claro está!
A.M.


terça-feira, 6 de outubro de 2009

O regresso das melgas

Caro Adriano Pedro,

Ao falar de cavernas e esconderijos teleguiou-me para Luanda, 1966.
Ocupando as minhas folgas de serviço com a leitura, adquiri ali muitos livros, entre os quais a Campanha Alegre I e II, que entretanto estou em vias de abater ao meu espólio dado que parece não ser possível reavê-los da pessoa a quem os emprestei.
Eça de Queiroz, numa das suas mais conhecidas e verrinosas críticas, comenta os diversos textos publicados na imprensa da época sobre a visita que D. Pedro II do Brasil fez a Alexandre Herculano, que vivia na sua quinta de Vale de Lobos.
Diz:
“Sua Majestade Imperial visitou o Sr. Alexandre Herculano. O facto em si é inteiramente incontestável. Todos sobre ele estão acordes, e a História tranquila.

No que, porém, as opiniões radicalmente divergem - é acerca do lugar em que se realizou a visita do Imperador brasileiro ao historiador português.

O Diário de Notícias diz que o Imperador foi à mansão do Sr. Herculano.

O Diário Popular, ao contrário, afirma que o Imperador foi ao retiro do homem eminente que...

O Sr. Silva Túlio, porém, declara que o Imperador foi ao Tugúrio de Herculano; (ainda que linhas depois se contradiz, confessando que o Imperador esteve realmente na Tebaida do ilustre historiador que...)

Uma correspondência para um jornal do Porto afiança que o Imperador foi ao aprisco do grande, etc.

Outra vem todavia que sustenta que o Imperador foi ao abrigo desse que...

Alguns jornais de Lisboa, por seu turno, ensinam que Sua Majestade foi ao albergue daquele que...

Outros, contudo, sustentam que Sua Majestade foi à solidão do eminente vulto que...

E um último mantém que o imperante foi ao exílio do venerando cidadão que...

Ora, no meio disto, uma coisa terrível se nos afigura: é que Sua Majestade se esqueceu de ir simplesmente a casa do Sr. Alexandre Herculano!”

Na verdade, caro Adriano, para evitar as melgas e a sua infecciosa “injecção” não há retiro que nos salve. Só há uma solução. Colocar mosquiteiros em portas e janelas de nossas casas para impedir a sua entrada. Se alguma conseguir passar por descuidada frincha, ter à mão um bom insecticida, é aconselhável.
Como sabe a melga é animal hematófago e se lhe faltar paparoca, fenece e morre naturalmente.
Vá por mim!

PS. Já me esquecia. Saindo à rua devemos fugir de pantanais ou poças de água putrefacta. Corremos o risco de levar bicada. O Fenistil é óptimo para esfregar na parte ferida. Agora até existe sob a forma de batom. Muito prático.


domingo, 4 de outubro de 2009

C'um catrino!

Cafarnaum?
Porquê?
Porque sendo uma das mais prósperas cidades da Galileia, colocada num extraordinário ponto estratégico, foi escolhida (usada) para instalar o principal ministério Jesus Cristo.
Os mais extraordinários milagres foram ali realizados!
Caramba!
Até um ateu se comove com a ressurreição da filha do chefe da Sinagoga.

C’um catrino!

Agora, passados mais de sessenta anos, dá-me para esta desafogo, pronunciado amiúde entre a moçada do meu tempo, quando era surpreendida por algum acontecimento.
- Ena, c’um catrino, que belas pernocas tem a professora de português!

Hoje, contudo, apetece-me averiguar o que é esta coisa de catrino, quanto mais não seja porque o género oposto, embora com K, foi dado a um devastador furação.
Aliás, levei muito tempo a interrogar-me a razão de darem nomes femininos aos furacões (termo do género masculino, cujo feminino o Marquês de Sade não desdenharia usar como cognome), até que li uma explicação (creio que num blogue): “Porque quando chegam, são selvagens e molhados, e quando se vão, levam sua casa e seu carro junto.”

Nas Beiras, “catrino” é um eufemismo para diabo. Mas também para termos incisivos ou pornográficos.
Ou seja,”c’os diabos!” é a exclamação equivalente. Mas também o é, “isto é que está um car…!”
Aliás, mais acima, em Trás-os-Montes, catrino é usado em lugar do palavrão que ficou aí, seguido de três pontinhos.

Catrina é uma roldana, o que, dada a sua forma redonda com um buraquinho no meio se conjuga muito bem com o catrino transmontano.

Mas c’um catrino, porquê?

Por causa de me ver obrigado a usar o Cafarnaum para oferecer a minha janela em Blogues do Leitor a quem não teve a sorte de passar por ali na mesma altura.
Com todo o carinho,
A.M.