terça-feira, 28 de abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"Cuba, verso e reverso"

Rosendo Canto Hernandez escreveu “Cuba, Verso e Reverso” em Maio de 1974.
Exercia as funções de embaixador cubano quando em Janeiro de 1959, Fulgêncio, com o rabo enfiado entre as pernas, depois de um regime ditatorial de muitos anos apoiado pelos EUA, fugiu para o estrangeiro. (Ilha da Madeira, Estoril e Marbella onde faleceu em 1973).
Rosendo que também saiu de Cuba para Barcelona por essa altura, escreve na dedicatória deste seu livro
«A Sarita, minha neta inocente e pequenina, certificado do que disse em 1959: “Serei avô no exílio.”»
Escreve esta mensagem em 1974, ano em que o referido livro foi editado.

Recomendo vivamente a sua leitura para que se tenha uma ideia mais clara das razões da revolução cubana.

Algumas frases soltas do livro referido:

(…) Para mim é deprimente ouvir os cubanos pedir um desembarque de marines para libertar Cuba. Esta forma humilhante e efeminada de rogar ao estrangeiro a solução de um problema nosso tornar-nos-ia, uma vez mais, ridículos perante a América e o Mundo. Era intolerável, simplesmente repugante. Por esse preço, não creio que algum povo deseje a sua liberdade.(…)

(…) Fidel de Castro venceu, não pelas suas próprias forças geradoras de poder, mas pela debilidade dessa sociedade que se entregou, com rasgos primitivos a uma descabida admiração pelo “macho” triunfalista, como antes tinha feito com Batista que entrava em Colúmbia “para mudar o destino de Cuba”(…)

(…) A Cuba das cabanas miseráveis, do analfabetismo que atingia 24% nos campos e 20,2% nas cidades; a do camponês esfomeado, doente e inculto; a que se divertia nos Clubes elegantes de Havana, com nomes ingleses: “Havana Iacht Club”, “Vedado Tennis Club”, Country Club Park”, “Baltimore Yacht Club”, sítios proibidos a quem não tivesse fundos sólidos nos bancos, essa Cuba hedonista, viciosa e decadente, tornou possível a chegada de Fidel Castro ao poder (…).
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É aconselhável que se façam críticas fundamentadas e não apenas com o objectivo de condenar e desacreditar o sistema. Ignorar ou desprezar as razões que proporcionaram a revolução Cubana escamoteia de maneira determinada mas escandalosa as responsabilidades dos governos anteriores e principalmente das administrações estado-unidenses que os apoiaram e sustentaram em seu próprio benefício.
A.M.

sábado, 25 de abril de 2009

A Liberdade e as liberdades

Preparava-me para fazer um pequeno comentário ao “Liberdade? Justiça?” de Tarbraga quando um inadvertido clique disparou pelos ares uma página em branco que apenas irá testemunhar a minha presença perante o seu trabalho.
O clique, ou se preferirem, o tremelique que originou o acidental disparo não foi apenas determinado pelo nervoso miudinho que algumas dúvidas, sugestões e considerações sobre a Liberdade aqui produzidas me poderiam ter provocado, mas também pela dificuldade na leitura do referido comentário, que aqui fica fotograficamente documentada.
Só não recomendo ao seu autor que mude o tipo de letra ou o seu tamanho porque já me foi dado conhecimento das razões de tal limitação.
1 - O pássaro vivia numa gaiola quando um certo dia, por descuido deixaram a porta aberta. Imediatamente fugiu voando. Contudo, foi tão infeliz que se foi enfiar na boca do gato que dormia a sesta no parapeito da janela.
Vivia privado da liberdade e ao procurá-la perdeu-a por causa de um gato que também tinha a liberdade de o comer.
2 – Uma lebre vive feliz no campo com a sua prole. Para se alimentar vai à horta do Jeremias e toca de escavar para lhe roer as cenouras. Certo dia o Jeremias põe-se à coca de espingarda aperrada e perante o flagrante delito arruma com um balázio na coitada que até lhe fez dar três piruetas no ar.
A dona lebre vivia em liberdade e ao cumprir a elementaríssima função fisiológica que o desejo de sobreviver impõe, perdeu a vida pelas cenouras. O Jeremias, por seu lado, no direito que lhe assistia de defender as suas cenourinhas, não encontrou nenhuma barreira à liberdade de desenferrujar os canos da “bazuca”, que jazia pendurada atrás da porta da cozinha há mais de três anos.

Mas afinal será a liberdade um coquetel composto por diversos ingredientes cuja composição varia à medida do gosto de cada um?
A pergunta justifica-se porque cada um de nós fala da liberdade em função dos valores que estruturam o seu pensamento.
O facto de existirem diversos aspectos, como o económico, psicológico, social, biológico, político, etc., onde a palavra liberdade é invocada para justificar ou condenar uma determinada ideia, opinião ou acontecimento, contribui para a enorme confusão que se gera para determinar o tamanho da liberdade.
Será ela incomensurável? Qual o seu tamanho? Onde começa e onde acaba?
Daí a dificuldade dos filósofos em defini-la.

Li em qualquer lado que o desejo de ser livre é um sentimento profundamente enraizado no ser humano. Os animais irracionais têm o mesmo desejo, por isso o pássaro foge da gaiola na primeira oportunidade e o peixe luta para se libertar do anzol; mas porque esse desejo não é racional chamou-se-lhe instinto.

Por vezes ao ouvir certos desabafos fico alarmado por verificar que o sentimento de liberdade se confunde com o instinto de liberdade.

Tarbraga interroga liberdade e interroga justiça através do relato de uma decisão judicial sobre um determinado acontecimento.
Tomo a meditação que nos aconselha como um aviso para nunca falarmos de liberdade sem termos a justiça presente.
Não tenho conhecimento de que algum assassino advogue a liberdade de matar.
Ou um ladrão, de roubar.
Um aldrabão de ludibriar.
Ou um condutor, de conduzir em contramão.
Ou um corrupto de corromper-se
Ou um laxista, de não pagar os seus impostos.

Mas conheço ordinários que clamam pela liberdade de ofender os seus semelhante e gente mal-educada que pretende que se legalize a má educação.

Para terminar, acrescento ainda que a dificuldade em definir Liberdade levou os estudiosos do assunto a optarem pelo seu plural – Liberdades.
O que, como é óbvio tornou a Liberdade numa soma de liberdades singulares.

Cuidado pois, quando resolverem clamar por LI-BER-DA-DE.

A.M.

PS – Agradeço a Tarbraga o mote, especialmente porque estamos em ABRIL.



quinta-feira, 23 de abril de 2009

Crítica amena quanto me é possível... dadas as circunstâncias.

Por vezes aparece uma frase ou apenas uma palavra que cai no goto algumas pessoas e toda a gente desata a enfiá-la gente em tudo que é sítio, quer seja entre aspas, vírgulas ou parêntesis.
Numa época que muitos não gostam de recordar porque ficam com amargos de boca, havia uma frase que foi usada a torto e a direito, umas vezes porque não havia tempo a perder com parvoeiras, outras para evitar ajuste de coletes.
Era ela: “Não respondo a provocações”.

Mas o que é uma provocação? Como determinar se um acto é provocatório.
Por vezes é difícil, mas em outras ocasiões é extremamente fácil.

Quando um incógnito diz palermices, é mal-educado e desconsidera deliberadamente quem pensa diferente é porque sabe que a sua verdadeira identidade estará sempre a salvo de qualquer crítica ou mesmo de uma bengalada na espinha.

Que devo fazer?
A primeira coisa atitude, dado que fui diversas vezes acusado de ter sido eu o iniciador das provocações, foi calar-me.
Deixei de criticar o que se passa na América e de comentar os textos retirados dos sítios mais reaccionários que existem na Net e embora recentemente tenham acontecido nos EUA uma série de atentados idênticos àquele que se passou há dez anos, eu nem falei destes nem comentei o 10º aniversário daquele.

Podem colar aqui as fotografias que muito bem entenderem do gulag siberiano, das atrocidades de Pol Pot, dos fuzilamentos em Cuba após Fulgêncio e de todas as atrocidades cometidas por países que procuram uma via diferente do capitalismo neo-liberal.
A fonte, Cuban-American Military Council, como se pode ver pelo emblema, ou ainda melhor visitando o sítio, revela-se, sem dúvida alguma uma entidade absolutamente independente, idónea e em cujos estatutos a palavra contra-informação não existe.

Ou seja a contra-informação só existe em órgãos como aqueles que a título de exemplo aqui indico “Digital Granma Internacional”, “Pátria Latina”, A Amnistia Internacional, etc., etc., e aos quais prometo não ir copiar artigos, dado que é por demais evidente serem estas, verdadeiras fontes viciadas no exagero e na mentira.

Mas nem uma longa quarentena, durante a qual só dei dois vivas ao 25 de Abril, evitou a aguilhoada provocatória, traiçoeira e ordinária.
Claro que não perfilho da ideia, já aqui manifestada e bem reveladora do espírito que preside à intervenção de algumas pessoas neste espaço, ou em espaços idênticos, de que só serve para andar à porrada e nunca para construir amizades.

Uma intervenção deste tipo seria suficiente para afastar a maioria ficando apenas meia dúzia (se tanto) que tomam este local como um circo romano.

Acredito em Deus?
Não!
Nem preciso de consultar as Bases para saber que Deus não existe.
Se existisse havia de castigar quem sabendo a diferença entre o bem e mal usa este em detrimento do outro.
Ah, pois! Deus existe mas não castiga ninguém, já me ia esquecendo desse pormenor.

Existem diabos e demónios?
Não?
Acho que existem e a prova é bem evidente.
Quereis ver?
A.M.

domingo, 19 de abril de 2009

Ao Igor Bracesnovsky


Tinha acabado de ler há pouco tempo que IGOR falecera quando tocou o sinal do Messenger e o seu peão ficou verde.
Ainda enviei uma mensagem esperando não sei bem o quê.
Do outro lado alguém entrara na net pelo seu computador.
Não houve resposta e logo desligou.

Não tenho a lágrima fácil, embora com a idade a casca vá ficando mais frágil, por isso não vou entrar em elogios ao Igor que certamente dada a sua formação preferiria tê-los ouvido em vida.

Todavia o comentário do meu amigo Braga da Cruz em que recorda “Imagine” de John Lennon suscitou-me a ideia de homenagear o Igor traçando um paralelo entre as suas palavras, retiradas de um seu trabalho, com os versos de “Imagine”.

“O marxismo distingue-se, radicalmente, de todos os outros conceitos mundiais. Não admite a existência de forças e de criaturas sobrenaturais, sejam quais forem, colocando-se firmemente sobre o terreno da realidade concreta, do mundo-terrestre, enquanto liberta a Humanidade, de uma vez por todas, dos preconceitos e da velha servidão espiritual. Chama o homem a pensar por ele mesmo, livremente e logicamente.”

E os versos de Lennon:

Imagine que não exista nenhum paraíso,
É fácil se você tentar.
Nenhum inferno abaixo de nós,
Sobre nós apenas o firmamento.
Imagine todas as pessoas
Vivendo pelo hoje...

Imagine que não exista nenhum país,
Não é difícil de fazer.
Nada porque matar ou porque morrer,
Nenhuma religião também.
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz...

Imagine nenhuma propriedade,
Eu me pergunto se você consegue.
Nenhuma necessidade de ganância ou fome,
Uma fraternidade de homens.
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo.

Você talvez diga que sou um sonhador,
Mas eu não o único.
Eu espero que algum dia você junte-se a nós,
E o mundo viverá como um único.
A.M.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Comentário aos Ziguezagues do Caf

Diz que não sabe se vai continuar…
Tenho a certeza que vai continuar!

A desilusão só existe quando nos deixamos iludir.
Os cépticos e realistas não se iludem com facilidade.

Com a experiência acumulada de 5 ou 6 anos por estas paragens, digo-lhe, caro Caf, que não adianta esclarecer os “equívocos que por aqui pairam” respeitantes à sua pessoa.
Estes “equívocos” são fabricados por medida para desacreditar o autor duma opinião que lhes causa calafrios e que não conseguem contestar de outro modo.

Nós não fazemos ziguezagues.
Por essa razão nos acusam de ter engolido uma cassete.
Volto a confessar que prefiro engolir essa coisa do que passar o tempo a mudar de opinião ao sabor das ocasiões e dos momentos propícios, armado em piorra girante, zunindo em função dos ventos.

O velho e estúpido argumento de aconselhar os adeptos comunistas a viajarem para Cuba ou para a Coreia do Norte, prescindindo das “regalias” capitalistas é a coisa mais disparatada que alguma vez se produziu neste mundo… e talvez até no outro… se houver.
Já fui criticado por usar computador americano, e talvez por calçar ténis Nike.
Nem sequer recalcitrei.
Essa gente entende que os administradores das multinacionais que costumam andar em cruzeiros por esse mundo fora, as velhotas de vestidos de cores claras mas com flores de cores fortes e garridas e os esposos de largas camisas feitas com as sobras dos vestidos (assim parece) têm mais direito a ter um computador do que eu que durante muitos anos participei activamente na fabricação de componentes para os mesmos computadores.
Eles acham que eu devo agradecer-lhes mais pelo emprego que me “oferecem” para conseguir alimentar a família, do que eles a mim, por lhes proporcionar tão magnificentes cruzeiros pelo Mediterrâneo ou pela Caraíbas.
Essas vozes não merecem um comentário de duas linhas.

Quanto ao aspecto do oportunismo, que encerra uma certa carga pejorativa, eu diria que todos nós aproveitamos a oportunidade colocada ao nosso dispor pelo JN. Se alguém acha que é oportunismo colar aqui um comentário ou uma opinião pessoal, que dirão de quem passa o tempo a fazer colagens de textos reaccionários de blogues reaccionários?
Ou a repetir incessantemente o mesmo post que tresanda a propaganda política ou partidária?

Engraxar. Meter graxa e puxar o lustro.
Este assunto é efectivamente muito delicado e encontrar um comportamento neutro que permita navegar pelo meio do canal sem nos aproximarmos de uma ou da outra margem, quase impossível.
A radicalização de posições políticas e religiosas, as diferenças de índole e de filosofia do que respeita ao comportamento em sociedade, a inibição ou desinibição em função da presença ou não presença do interlocutor, dificultam o estabelecimento de um comportamento padrão que evite críticas.
Se duas pessoas com quem tento mater um relacionamento de amizade se desentendem entre si e se insultam, cada uma delas fica à espera que eu tome partido a seu favor publicamente. A maior parte das vezes não o confessa mas perante o meu silêncio acusam-me de querer ficar bem com Deus e com o Diabo.
Não é amigo verdadeiro, aquele que exige controlar e determinar a minha “lista” de amigos.
Não tenho por norma criticar os meus amigos em público. Se tenho de o fazer aproveito um contacto directo e particular.
Este facto condiciona-me de certo modo quando se trata de tecer qualquer louvor a comentários que em minha opinião o merecem.
Alguns sabem-no e suportam-no. Outros sabem-no e não o suportam. Outros ainda não o entendem.

Da formação literária não vale a pena falar.
E não tomemos os latinórios ( que ás vezes também aplico) ou os textos em inglês como coisa provocatória.

Da bola posso falar mas nunca por nunca discutir. Era o que faltava.
Posso, por exemplo, desejar que hoje o FCP vença o Manchester porque em nenhuma situação deixei de apoiar uma equipa nacional contra uma equipa estrangeira, princípio que não é seguido quando o fundamentalismo também entra no desporto.

Caro Caf, não desista. Quando procuramos compreender os outros não devemos esquecer Decartes:
« Que ce qui est passion au regard d'un sujet est toujours action à quelque autre égard. »

… desta forma não acharemos tão estranha a incompreensão dos outros para com as nossas próprias opiniões.
Um abraço de solidariedade,
A.M.

PS – Falou no francês e não resisti. Desculpe-me.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Rocambolesco

Ao usar o adjectivo rocambolesco para caracterizar uma infeliz intervenção provocou-me o inevitável disparo automático de imagens que lhe estão relacionadas.
Se num daqueles concursos de televisão em que o conhecimento geral dos concorrentes é posto à prova, se perguntasse o significado dessa palavra, talvez alguns acertassem, mas emudeceriam quando confrontados com a sua origem.

Os septuagenários como nós não esqueceram o período das suas vidas em que no intervalo entre “Mathias Sandorf” e o Tigre da Malásia líamos as “Aventuras de Rocambole”. Recordo agora, também um outro livro de Ponsom du Terrail, “O pagem do Rei”, que me foi oferecido num aniversário, mas que entretanto se perdeu nas reviravoltas da vida.

Nunca duvidei que as extravagantes peripécias desse herói originaram o galicismo “rocambolesco”, dado que o autor era francês e o nome do personagem uma invenção sua. Até que há pouco, tempo folheando um interessante livro de um linguista brasileiro, sou colocado perante a dúvida: “rocambolesco” refere-se a Rocambole (pessoa) ou a rocambole (torta)?
Segundo ele, o visconde Ponson du Terrail pode ter-se inspirado no bolo, também enrolado, para baptizar o protagonista dos seus livros.
Tal como o ovo e a galinha ficamos sem saber o que nasceu primeiro Rocambole ou rocambole?
O autor também não merece muita confiança. Parece que era muito prolixo, escrevia a metro e muito apressadamente, o que o levou a vários deslizes.
Uma frase sua, captada por Deonísio da Silva: “O comandante passeava com as mãos nos ombros lendo o jornal”.
Todavia era muito popular, ao ponto de quando matou Rocambole se ter gerado um coro de protestos dos leitores, vendo-se obrigado a ressuscitá-lo no livro seguinte.
Logo no início do livro escrevia: “como a perspicácia dos nossos leitores adivinhou, Rocambole segue vivo.

Pois caro Gilfer, sendo a situação enrolada como o bolo (que é uma torta) ou cheia de peripécias como o herói da nossa meninice, não se deve amofinar.
Deixe seguir o barco e vá dando notícias dessas enevoadas paragens.
Ah, e não se esqueça de ir colocando umas fotografias lá no sítio onde estão algumas como esta.
Um abraço,
A.M.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Materialismo versus espiritualismo

Em Setembro de 2008, em França, numa missa para 200mil pessoas Bento XVI disse que “a sede por poder, bens materiais e dinheiro é uma praga da sociedade moderna”.

Se ter sede de bens materiais caracteriza um determinado tipo de materialismo, que não tem a mínima relação com outros tipos de materialismo, convém que sejamos claros:
Porque a sede de poder, de bens materiais e dinheiro, está para o materialismo histórico como a noite está para o dia.

Esta sede a que Bento se referia origina comportamentos que têm outros nomes. Para a mitigar, as pessoas tornam-se corruptas, desumanas, perversas, egoístas e agressivas.

O Materialismo Dialéctico tende a controlar este tipo de comportamentos, por isso foi e é tão contestado. Ou seja, a Igreja que tanto combateu este materialismo por julgá-lo uma ameaça para a divulgação da sua Palavra, confronta-se agora com um outro materialismo – o que o próprio capitalismo criou.

Mas será que Ratzinger está a ser coerente com o sentido das palavras que proferiu?
Ou o seu comportamento deve ser encarado segundo a óptica popular do “olha para o que eu digo e não olhes para o que faço”?

Na verdade é conhecida por demais a tendência de Bento XVI para a liturgia da moda, que se iniciou logo no início do seu pontificado quando dispensou Annibale Gammarelli cuja família confeccionava as vestes papais desde 1792. Dizem que não gostou das vestes preparadas para a sua tomada de posse que ficaram um tudo-nada curtas e vai daí contratou Alessandro Cattaneo que já conhecia do seu cardinalato.

De qualquer modo não são agora tão compridas que não permitam ver os sapatos vermelhos de Prada, nem tão espampanantes que não notemos o seu anel de ouro maciço e os seus óculos Guci. Talvez o crucifixo de ouro cravejado de diamantes e topázios seja aquele que recebeu de presente de Sílvio Berlusconi.

Com base nestes “sintomas” que se notam um pouco por todo o mundo espiritual poderíamos concluir que na defesa deste materialismo santificado se combateram com violência os adeptos de um outro materialismo – o dialéctico.
Seria só por uma questão de fé ou seria receio de perder o “bem bom”?

Se por acaso era este o materialismo que se pretendia criticar, cá estou eu, para quem o outro, o de Marx, ainda não está definitivamente enterrado e só precisa, também ele, de sofrer algumas revisões, de que aliás a própria dialéctica não o exime.

E para terminar, deixaria uma nota de optimismo.
Quando Portugal segue sempre na cauda da Europa, quando somos constantemente confrontados com classificações desonrosas no cômputo internacional, eis que deparo com este estudo:
“Os valores materiais fazem parte da maioria das sociedades ocidentais, mas as circunstâncias de vida dos indivíduos determinam de forma diferenciada o modo como encaram a posse. Foram obtidas duas amostras de jovens universitários de Portugal, uma de 500 recolhida em 1996 e uma outra obtida mais recentemente, em 2005, com 143 jovens respostas. Procedemos à análise e comparação dos valores materialistas entre estes jovens, tendo em consideração que vivem diferentes ambientes sociais e económicos. Através da análise factorial confirmatória, com recurso aos modelos de equações estruturais estimamos as diferenças de sentimentos materialistas entre as duas gerações de jovens estudantes universitários. A diferença significativa ao nível da forma como encaram o sucesso em termos materialistas, indicam que a geração actual sente menos ansiedade relativamente à avaliação do sucesso de si e dos outros, com base em bens materiais.

Regozijemo-nos!
A.M.




segunda-feira, 6 de abril de 2009

One Flew Over the Cuckoo's Nest

O homem deve ter em vista um determinado objectivo para desencabrestar desta maneira tão repetitiva, tão enjoativa, tão aparvalhada!
Já tentei contactar a Sra. D. Teresa Peixoto para saber se ainda tem algum pé que não tenha partido já que só desta vez foram alguns nove, fora as outras vezes que desde há alguns anos se habituou a fracturar naquela malfadada rua. Está incomunicável.
Segundo versão oficial a Sra. D. Deolinda continua em coma, depois de há cerca de dez anos ter tropeçado naquele maldito calhau que armado em saliente se destacou dos seus paralelepípedos irmãos. Todavia um vizinho meteu a boca no trombone e disse-me que ela está de boa saúde e que só está a colaborar com o Presidente da Junta para sensibilizar o Rui Rio para mandar asfaltar a avenida lá do bairro.
Toda a gente lá no sítio ouviu cantar os parabéns a você no dia que ela fez 95 anos.
Será que enfiar centenas de vezes, em doses maciças, o mesmo apelo neste exíguo espaço, surte o efeito necessário, que será, creio eu, sensibilizar o actual presidente da câmara para o péssimo estado da fatídica rua?
Ou, se por acaso o objectivo é desacreditá-lo, para dar espaço à candidata do PS, será que também neste caso a merda desta táctica surte algum efeito?
Não creio que o homem esteja convencido disso.
Era a inocência a roçar a demência.
Cá para mim são surtos.
Eu tenho-os de comichão, devido aos ácaros.
Este homem é periodicamente atacado por uma vontade incontrolável de aborrecer e provocar as pessoas… de longe... ão, ão, ão!
Um comprimido de Atarax ao deitar resolveria o problema.
Digo eu enquanto me coço,
A.M.