quinta-feira, 29 de outubro de 2020

 Disse e escrevi que ia ficar sentado esperando que me chamassem para tomar a vacina da gripe que desde os 65 anos tomo inexoravelmente. Não sou como um tal senhor que não tem dúvidas e raramente se engana. Tenho dúvidas até ao cocuruto da careca e quando me engano autocritico-me.

Já me chamaram e já apanhei com a dita!

Ena pá! Estou salvo!

Estou salvo porque este ano, ao contrário do ano passado e devido à pandemia "coroviridiana" as farmacêuticas compensam a falta de meios do S.N.S. para cumprirem a sua função nesta época. Creio que fizeram acordos  com as autarquias para suprir essa “disfunção”.
Assim, tendo-me inscrito na farmácia onde normalmente compro os meus medicamentos, já fui chamado e tal como no centro de saúde não paguei a vacina nem a respetiva toma.
Salvei-me!
Todavia não posso deixar de registar que pouco a pouco, por escasseio de meios do S.N.S. a privatização da saúde vai avançando e contrariando o princípio constitucional de “tendencialmente gratuita”.   
Mas que posso eu fazer?

Vamos lá ver se me salvei.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019


A propaganda oficial

Alguns comentaristas oficiais ou de bancada comentam os últimos acontecimentos no Mar Amarelo de uma forma absolutamente tendenciosa. Para resolver a equação não se podem alterar os dados necessários para a resolver. Dão-se cartas mas não servem; baralham-se novamente e voltam distribuir-se.  
Ou seja, os EUA e Coreia do Sul podem fazer manobras militares conjuntas à "porta" da Coreia do Norte e esta, por sua vez, deve ficar queda e sossegada?
Lança um foguete e ai Jesus, que o Kim é um perigo eminente, um bárbaro que quer dominar o mundo.
Tenham juízo. Quantos países já foram intervencionados e invadidos por tropas americanas? E a Coreia do Norte quantos países avassalou ou quantas bases tem instaladas em qualquer outra parte do Mundo?

O Kim é maluco perigoso? Será. Mais maluco é o Trump e tem, segundo ele próprio se gaba, a mais poderosa força militar do planeta.




terça-feira, 2 de julho de 2019


A marcha atrás
 A declaração de voto é uma figura regimental usada no funcionamento das assembleias.
Recordo (como é bom podermos ainda ter recordações depois de passado que foi o nosso prazo de validade) o tempo em que o PS, sendo governo, criticava o PCP por rejeitar conjuntamente com o CDS um determinado diploma. Era um facto explorado nos media até ao tutano porque o PCP tinha votado ao lado da extrema-direita.
Acontece que a tal declaração de voto a que ninguém liga nenhuma serve para explicar as aparentes incongruências sobre o sentido do voto.
Não sei se no caso da aprovação da lei sobre a progressão na carreira dos professores, o PCP e o BE fizeram alguma declaração de voto, mas se não fizeram, deviam ter feito.
Acontece que talvez fazendo-o, não houvesse tanta confusão na cabeça dos simpatizantes dos dois quadrantes (esquerda e direita) que procuram explicar de forma retorcida este caso para tirarem dividendos políticos.
Os dois partidos à esquerda votaram a favor por coerência com a sua linha política, o PSD e o CDS votaram a favor para desconchavar a Geringonça.
Leio agora, que Rui Rio e Cristas ainda não levantaram o pé da embraiagem mas já meteram a marcha atrás.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

O Think-Tank Nacional

Acabamos de ser informados, via “Observador”, que Balsemão vai criar um clube “Bilderberg” à portuguesa.
Acho muito bem!
Já temos o cozido à portuguesa que prima pela variedade de ingredientes que o compõem, onde não falta a carne de vaca e o chispe, o frango e os chouriços, a couve, as batatas, o nabo e a cenoura, o arroz e o feijão e ainda o rabo e a orelha do porco.
Passaremos a ter o clube “Bilderberg” à portuguesa, que por sua vez, leva banqueiros como elemento básico e ainda alguns milionários e empresários, alguns presidentes de organizações, tudo temperado com um político no ativo.
No cozido costuma aproveitar-se o caldo que resulta das cozeduras das carnes para fazer uma sopa onde se pode adicionar, pão, massinha ou arroz.
No Clube não se pode adicionar mais nada, embora eu julgue que um ferroviário, um metalúrgico ou mesmo um almeida poderiam dar algum equilíbrio a este pitéu.
Temperar com um pouco de pilgrim pode melhorar o paladar.
Nota: Consta no curriculum de Pinto Balsemão que “É o único português com estatuto de membro permanente do clube e do seu Steering Committee”, pelo que eu penso que este clube é mais uma agência do verdadeiro clube Bilderberg.

Auto-estima, para que te quero?



Tendo lido, por acaso, que a CMTV tinha um nível médio de audiências superior às estações suas concorrentes, deu-me para tentar calcular o peso que esse fator poderia ter na formação ou formatação, se preferirem, dos portugueses. Deve haver uma política de informação sui generis, pensei eu.
Assim resolvi malbaratar o pouco tempo que ainda me resta a olhar para a pantalha sintonizada naquela estação campeã de audiências.
Eram 20H00
Homem Mata filho à facada.
Morreu carbonizada na casa onde vivia.
Incêndio em zona de mato.
Pânico às portas de Lisboa.
Crime em Silves – morto a tiro de carabina.
Mulher a quem o marido pegou fogo ficou internada.
Tragédia em Alpiarça
Reacendimentos em Pinhal Novo.
Pombal – Homem matou filho à facada na zona do tórax.
Incêndio em Carrazedas – CMTV dá primeiro.
Suíça – Português esfaqueou uma mulher e depois suicidou-se.
Jogador do Sporting (Rafael Barbosa) detido por ameaças e por resistir à detenção.
Um homem tentou abusar de 2 meninas de 11 anos no Prior Velho e foi surpreendido por populares.
Alhos Vedros – dois bombeiros feridos em incêndio.
Crime em Silves há cerca de três anos. Belga vai ser julgado no tribunal de Portimão.
A partir daqui (21H54) segue o futebol repetindo uma notícia anterior:
Jogador do Sporting detido (jogava no Portimonense) 
Sporting – Esforço por João Mário.
Bruno Lage pode sair do Benfica.
Félix no Manchester City?
Jesus aponta ao mundial de clubes.
Octávio Machado sabe tudo.
Bruno adia transferência.
Às 22H29 interrompem para anunciar que Félix foi assobiado e insultado no Porto.
Segue-se a ligação para o local. Até às 23H18 assistimos centenas de vezes às imagens do carro em que seguia o jogador percorrendo uma distância de cerca de 20 metros. Enquanto as legendas em letras “megabold” iam anunciando:
Félix e pais assustados.
Confusão no Norte.
Gritos, assobios e insultos.
Murros no carro.
Gritos de lampião de merda.
Uff. Vou tentar tirar ilações desta técnica que me faz lembrar aquelas fitas adesivas que se penduravam no teto para atrair as moscas, e talvez mais tarde apresente aqui as conclusões a que cheguei.
Nota: deliberadamente não mencionei a notícia de 20 segundos, introduzida no período imediatamente anterior ao tempo dado a Félix, sobre a vitória de Pimenta na Taça do mundo de remo. Estou convencido que se ele tivesse morrido afogado em vez de 20 segundos seriam pelo menos 20 minutos.
O petróleo e as papoilas.

Portugal ocupava em 2017 o 3º lugar dos países mais pacíficos do mundo, apenas precedido da Nova Zelândia e da Islândia. Em 2018 intrometeu-se a Áustria e fomos apeados do pódio. Nenhum deles baseia a sua economia no petróleo.
Nos últimos lugares estão Iémen, Síria, Sudão Sul e Iraque, cujas economias dependem em primeiro lugar do petróleo.


Poderia ser uma coincidência, mas podemos admitir a hipótese que o ouro negro é uma espécie de génio do mal que provoca insegurança nos países que o possuem e não têm tecnologia suficiente para o extrair e transformar.
Respingo aqui um trecho que retirei do Observador, que considero insuspeito dado que até fujo do Manel Fernandes como o diabo foge da cruz:
“A 9 de agosto, um míssil da Arábia Saudita matou 40 crianças a bordo de um autocarro. É o episódio mais chocante de uma guerra longa, complexa e muito ignorada. Saiba, afinal, o que se passa no Iémen.(…) Quando já estavam a bordo, foram alvo daquele que foi, até hoje, um dos ataques mais bárbaros dos mais de três anos que já leva a guerra do Iémen: uma bomba lançada por um avião pela Arábia Saudita (e apoiada pelos EUA, Reino Unido, França) atingiu de forma letal aquele autocarro. Morreram 51 pessoas, entre as quais 40 crianças.”
Não vou falar da Síria, nem do Iraque, nem do Sudão do Sul, mas a instabilidade que os coloca nos últimos lugares deste “ranking” tem por certo origem em interesses extranacionais.
Pois é, não falei do Afeganistão porque não tem o petróleo como base da economia, mas a papoila, meu Deus, a papoila é o seu “ouro negro”, muito apreciada nos países ditos civilizados.

Antissépticos como alternativa para a Europa

Toda a gente gosta de dizer coisas, inclusivamente há gente que gosta de dizer que os outros gostam de dizer coisas.

Acontece que Ferreira do Amaral, como economista que é, e eurocético que sempre manifestou ser, também tem uma opinião sobre a nossa adesão à Europa. Como moderado  aconselhou que nos devíamos preparar para uma eventual saída do Euro.
Do que me lembro, eu que já sinto os neurónios a patinar, é que entramos para a Europa pela mão de Mário Soares, com a promessa de convergência - mais cedo ou mais tarde íamos ter um nível de vida idêntico aos países mais desenvolvidos – e aplaudimos.
Passados tantos anos dessa data continuamos na cauda da Europa, com o salário mais baixo, com o leque salarial mais dilatado e com um clima de corrupção que nos coloca no topo dos mais corruptos.
Ferreira do Amaral entende, que dada a nossa fragilidade económica, se Trump, Merkel, Putin e Macron espirrarem cada um por si ou, ainda pior, em uníssono, mergulhamos numa crise de tal ordem, que cairemos numa crise profunda se não tivermos um plano “B” para a suportar. Não fujo á regra: Também gosto de dizer coisas.
E disse.
Nota: Se a Europa resolver comprar armas aos americanos para satisfazer as ideias de um louco, que procura criar um ambiente de guerra fria, para satisfazer o loby armamentista que o apoia, a Europa que se escafeda… porque eu vou ali… e já venho!

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Facebook, para que te quero?

Mark Zuckerberger inventor, fundador e dirigente desta plataforma acredita que a “humanidade progride quando consegue abater as divisões sociais e geográficas a fim de formar comunidades morais cada vez mais amplas”. Concordo.
A minha dúvida é que Facebook tenha vindo a contribuir para o desenvolvimento dessa “humanidade”. O próprio Mark entende que se outras forças não colaborarem para esse objetivo, o Facebook não o poderá fazer sozinho.
Que outras forças?
Os coletes amarelos usaram esta e outras plataformas para desencadearem um movimento de contestação. Macron propõe uma lei anti agitadores que entretanto a maioria parlamentar já aprovou e confiou também ao exército a manutenção da ordem.
São forças deste tipo que podem ajudar o Face a cumprir a missão a que se propõe o seu fundador?
Por outro lado o “Face” lançou no fim do ano passado a aplicação Dating. Efetivamente existe aqui a intenção clara de contribuir para o acasalamento. Recordo-me que antigamente encontrávamos a nossa/o cara-metade na escola, nos bailaricos, em casa de amigos, no trabalho, agora pode-se arranjar parceira/o ao abrigo da coscuvilhice familiar, o que aterroriza a maioria dos pais. Será essa uma evolução no bom sentido?
Eu não sou saudosista, mas tenho saudades dos bailaricos, onde até era costume levar as damas ao bufete. Por acaso nunca levei nenhuma, porque andava sempre liso e como era amigo do “mestre sala” ela avisava-me:
- Vou chamar damas ao bufete, aguenta, não dances agora.
Querem mais humanidade do que esta?




Recapitulemos.

Muita gente continua a afirmar que antigamente é que era bom. Aqueles que ainda sobram do antes do 25 de Abril de 74 e já são uma minoria (oh pra mim) devem sofrer de amnésia ou tendo perdido alguns privilégios tomam a parte pelo todo e lamentam-se de uma forma semiautomática, tal como eu quando perante um caso bicudo não evito o “ai valha-me Deus”.
Os mais novos que nasceram durante ou depois dessa data ou não foram devidamente informados ou, o que é mais grave, foram formatados pelos mais velhos, e não tendo o “bichinho” que nos empurra para esclarecer e investigar, ficam quadrados.
Estas afirmações surgem quando ocorrem alguns casos, de que é exemplo a corrupção, que, neste lindo e primaveril Abril, floresce por entre os meandros das redes familiares produzindo extensos e belos jardins de múltiplas espécies vivazes.
É nesta altura que uns e outros (acima referidos) dizem:
Antigamente isto não acontecia.
Ora bem, tendo tomado conhecimento, através de investigações recentes feitas por laboriosos historiadores, de que o Marquês de Pombal desviava água do aqueduto para ele e para os amigos (os familiares não são referidos) dei comigo a pensar que no século XVIII não havia Felícias, Vieiras, Carvalhos e Anas (leais ou mesmo desleais) porque também não havia o Independente, o Jornal do crime, o Correio da manhã e a TVI que os pudessem alimentar.
O meu “foco” (desculpa lá ó Vitória) é informar que antigamente os poderosos da política e os seus amigos não eram anjinhos, quanto mais serafins e não evitariam mandar para a fogueira os agentes investigadores e delatores.
Ao ver a sanha com que os políticos se atiram uns aos outros, a qual só é comparável com aquela com que mutuamente se atiçam os comentadores de futebol nos inúmeros canais de televisão durante horas a fio, lembro-me de um caso que o meu avô nos contava.
Um seu vizinho tinha dois cães que passavam o tempo a lutar e a morder-se. Um dia, incomodado com a barulheira fechou-os num barracão que tinha no quintal. Só quando regressava do fim-de-semana passado na praia, se lembrou que os tinha enclausurado. Quando chegou a casa foi abrir a porta do barraco e os cães tinham desaparecido. Concluiu, então; que se tinham comido um ao outro.
Que tal fecharem os atiçados mais os atiçadores no Campo Pequeno?
Pode ser que se comam uns aos outros e possamos, por fim viver em paz!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019


No reino da especulação

    Quando tinha tempo para ler jornais reparava que muitas vezes, demasiadas vezes, os títulos das notícias não correspondiam ao seu conteúdo. Como agora só tenho tempo para ler os títulos, o melhor é não os ler.
    Mas aqui no "Face" tenho oportunidade de reparar que a senda da especulação noticiosa continua fulgurante, procurando agarrar o leitor/cliente, compondo títulos com cargas emotivas que falseiam o acontecimento relatado.
    Este é um dos exemplos:
    Título da notícia no diário “Publico”: “Portugueses já consomem mais álcool do que os russos”.
    Ora bem, aquele “já” encaixado à martelada transmite imediatamente a ideia que passámos a beber mais do que bebíamos e ultrapassámos os russos.
    A verdade é que bebemos menos do que bebíamos (pouco menos, é certo) e os russos é que passaram a beber bastante menos.
    Logo, um título honesto seria, por exemplo:
    Os russos já consomem menos álcool do que os portugueses.
    Agora, vou ali ao lado comprar umas cervejolas, que o meu stock está quase a zero, enquanto aguardo que apareça uma imagem que questione porque os portugueses bebem tanto.